domingo, 18 de agosto de 2013

Capítulo 7 - Talk That Talk

Chapter Seven


Algo me incomodou naquela noite, tive vários sonhos. Em certo momento, quando acordei assustada, podia jurar que havia visto Stephen parado na janela do meu quarto como fazia quando namorávamos. Eu esfreguei os olhos e olhei de novo pro lugar e ele já não estava mais. Rolei na cama e tentei afastar todos os pensamentos que o incluía. Era difícil, mas consegui. Acordei com meu celular tocando e fui atender prontamente. Era Rochi.

- Mai? –ela começou com a voz doce e baixa
- Rochi. Bom dia.
- Bom dia. –ficamos um momento em silencio e foi constrangedor- Olha, vou direto ao assunto. – suspirei e fiz um sinal com a garganta, para que ela continuasse- Me desculpa por ontem. O vinho me deixou alta e falei coisas demais.
- Na verdade, até bêbada você consegue ser coerente. –nós rimos e sabíamos que estava tudo bem outra vez.
- Mas sério, desculpa.
- Eu também devo desculpas, eu agi como uma idiota quando você só queria me ajudar.
- Ok, tudo perdoado então. – ouvi murmúrio de pessoas e Rochi voltou a falar- Mai, preciso desligar, já está dando confusão aqui.
- Cadê a Candice?
- Vem mais tarde, foi numa reunião de patrocinadores da loja. Isso está uma loucura hoje. A gente se fala mais tarde, pode ser?
- Claro! Bom trabalho.
- Obrigada – e desligamos

Era bom fazer as pazes. Rochi e eu as vezes temos nossos dias de conflito, mas a gente sempre consegue se resolver. Eu levantei e aproveitei para fazer algumas ligações para a boutique. Não demorou muito até que Joshua bateu à minha porta em meio a uma ligação, fiz sinal para que ele entrasse e ele se sentou ao pé da minha cama me olhando. Assim que eu terminei de falar com Edward Westwick, o gerente interino que me melhor me representava na MaiHeart, em Paris, me virei para meu irmão que continuava sentado na minha cama.

- Fala -eu disse me sentando à sua frente-
- Olha os olhinhos inchadinhos dela, nem dormiu ontem né? Deixa dona Branca saber disso -ele riu- Vi que chegou quase cinco da matina. Maite, Maite... -ele cantarolou sarcasticamente-
- Diga o que quer antes que eu te chute daqui pra fora logo cedo –eu disse em tom ameaçador
- Calma, Calma maninha ...- ele continuou no tom passivo- Eu só queria te desejar um ótimo dia, hoje não vai ser fácil hein! Sabe né, ressaca! -ele riu de novo, mas voltou a se recompor-
- Idiota! -fiz menção de acertá-lo bem no meio da cara, mas uma voz me chamou a atenção lá debaixo- Quem é?
- Então, sabe esse lance de ex? -meu coração começou a palpitar- É Maite, karma is a bitch é o que dizem né? O covardão está lá embaixo...eu tentei acertar um socos bem no meio dos olhos e xingá-lo até a 14ª geração da família dele, mas mamãe me impediu. Ela começou a falar aquelas coisas de sempre sobre respeitar a todos com igualdade e tudo mais e eu sai, vim te chamar.
- Não quero falar com ele -eu fechei a cara-
- Eu sei. Quer que eu mande ele embora? –assenti positivamente
É o que eu mais quero também, mas ele disse que só vai embora quando ouvir isso da sua boca. Foi mal, maninha -ele se levantou e foi pra porta- Qualquer coisa grita! -ele piscou e saiu.


            Eu dei um longo suspiro e me levantei outra vez. Lavei meu rosto e me arrumei. Coloquei uma roupa casual, desci as escadas e pude ir descobrindo aos poucos a figura de Stephen sentado olhando distraído para a televisão. Lembrei das vezes em que demos uns bons amassos naquele sofá quando não havia ninguém em casa. Apenas o corpo estava ali, pois a mente se notava de longe que estava em outro lugar. Ao chegar onde ele estava senti meu coração pressionar cada vez mais a minha pele, querendo sair de lá. Tentei normalizar a respiração e chamei sua atenção. Ele me olhou de imediato.

- Maite -ele se levantou rapidamente e veio para perto de mim- 
- Diga o que quer, seja lá o que for deve ser algo muito importante para me tirar da cama -disse em um tom firme-
- Me desculpe. É que eu estive pensando sobre ontem à noite e, bem, não consegui dormir, preciso falar com você 
- Já estamos falando não? -indaguei num tom obvio.
- Queria que não fosse -ele olhou em volta, para minha casa- ...aqui, entende? Podemos tomar um café, já que acabou de acordar. -ele sugeriu-


            No início não gostei muito da proposta, não queria ficar muito tempo ao seu lado e tinham grandes chances de eu me arrepender violentamente disso, mas acabei aceitando, queria muito ouvir o que ele tinha para dizer. Agarrei meu casaco de lã em cima do sofá e saímos. Durante o caminho fui pensando em tudo o que tivemos. Foram 4 anos com ele e 7 sem. Ao todo, oito anos me dedicando exclusivamente a ele, o amando incondicionalmente. Eu deveria dar um basta nisso. Chegamos na cafeteria que tinha à uma quadra de casa. Ao me sentar, fui direta.


- Diga o que quer agora. -eu disse isso olhando no fundo dos seus olhos, onde pude notar um certo arrependimento-
- Maite, eu estive pensando na noite passada, sobre tudo que nós tivemos, tudo o que nós sonhamos para nós..
- ...Até você me abandonar no altar, até dizer “não” na frente de todos os que nos conheciam.- eu o completei, tomada pelo ódio súbito-
- Mai, me deixe explicar ..
- Está certo – suspirei- Me diga, o que te fez dizer não na frente de todos ? -pude sentir meu rosto queimar ao lembrar da humilhação, mas preferi me focar no que ele tinha a dizer -
- Foi para isso que fui até sua casa, foi por isso também que não consegui dormir, eu fiquei pensando em nós dois e, bem, fiquei com muita pena de você e ...
- O quê? PENA? Foi isso que entendi? -eu praticamente gritei, furiosa- Eu não quero sua pena Amell, eu não preciso -eu fui levantando- Você é um idiota ,se transformou, ou então você sempre foi assim e eu, cega, nunca pude ver o que você é de verdade! -eu disse com desdém, ele se levantou também- Se eu soubesse que você ia me dizer que era por pena que você estava comigo, eu não teria nem descido para te atender, você é um idiota Stephen, um completo idiota! -eu cuspi as palavras e saí sem olhar para trás- 

Momentos depois, eu estava marchando furiosamente para fora do estabelecimento e senti malditas lágrimas de dor escorrendo pelo meu rosto e parecia que quanto mais eu as limpava, mais saiam no lugar delas. Notei também que Stephen me seguia. Mas não parei para que ele me alcançasse. Eu só queria esquecer da existência dele. Eu cheguei em casa primeiro que ele. Minhas pernas doíam por correr tão rápido e sem um ritmo certo, subi os últimos lances da escada e me joguei em cima da cama. Em prantos as palavras dele ecoavam na minha cabeça. 

Pena...

Maldito dia em que eu o conheci, Maldito o momento em que o amei. Não quero mais vê-lo, nunca mais.
Quando eu abri os olhos novamente, me encontrei em uma situação precária, meus olhos estavam ardendo e estavam inchados. Meu travesseiro estava ligeiramente úmido e corri os olhos pelo quarto e vi várias coisas jogadas no chão. Eu sentei com dificuldade na cama, pois minhas pernas estavam dormentes e as articulações doíam um pouco. Eu dei uma fungada e arrumei meu cabelo. Jurei nunca mais chorar por ele e cá estava eu, chorando outra vez.

♣♣♣♣


Alfonso me ligou pela tarde e eu recusei a chamada. Não tinha cabeça para mais nada naquela tarde. Fechei minha janela da sacada e cobri com as cortinas. A janela dele ficava de frente com a minha. Já estava escurecendo, quando decidi não ficar mais mal por algo que havia passado . Eu já não me abalaria com ele. Agora ele veria a mudança em mim. Tive alguns pesadelos naquela noite, alguns dele com Stephen, mas depois relaxei e pude dormir de verdade. Eu acordei disposta para uma mudança, eu queria renovar meu guarda-roupa e também meu rosto, meu cabelo, e tudo mais. Eu levantei pela manhã, tomei meu café-da-manhã sozinha. Joshua apareceu do meu lado, me assustando.

- Ai pirralho! Quer me matar, faz logo! -eu gritei para ele- 
- Relaxa Mai, vim em paz -ele se sentou ao meu lado e ficou me olhando- Er .. eu a mamãe ouvimos seu choro ontem a noite. Não queríamos incomodar. Eu sabia que não devia ter deixado aquele desgraçado ter nem cruzado a porta. -ele disse com uma certa raiva- 
- Não se preocupe Josh, o que tinha que ser dito já foi dito. Agora é seguir em frente.
- Ele disse coisas horríveis pra você?
- Não, não diria que foram horríveis, só foi a verdade, e às vezes a verdade machuca. 
- Sabia -ele bateu na mesa, balançando o suco do copo- Eu vou matar aquele infeliz – ele levantou com uma expressão séria no rosto
- Não! Não Josh, você não vai fazer nada ok? Este é um problema meu e dele - Josh desviou o olhar para a janela e ficou em silencio por alguns instantes. 
- Ok, mas se ele te deixar daquele jeito de ontem eu juro que o mato, certo?-ele se virou para mim-
- Olha só, parece até um irmão mais velho -eu zombei- Vem cá -puxei pelo seu braço musculoso e o abracei- Também te amo viu?
- Mas eu nem disse... -ele suspirou- Eu só quero você bem -ele envolveu seus braços na minha cintura e correspondeu ao abraço- Você é irritante, mas ainda é minha irmã e é meio que meu dever cuidar de você, pelo menos é o que dizem.
- É, é o que dizem.

Naquele mesmo instante ouço barulhos vindos do meu quarto. Eu fui correndo para lá, mas tudo o que encontrei foi a janela aberta e um papel amarrado em uma pedra em cima da minha cama. Joshua veio logo atrás de mim, mas perdeu a pose de super-herói  e voltou pra sala. Eu abri o papel meio amassado e li rapidamente as palavras escritas á mão com caneta vermelha.


"Perdoa-me se peço mais do que posso dar ,se grito quando devo calar, se fujo quanto você mais necessita. Perdoa-me quando te digo que não te quero mais, são palavras que nunca senti que hoje se voltam contra mim.

Se há algo que quero é que você, me perdoe se uma noite passar longe de você 
Em outros braços, em outro corpo, em outra pele, se não sou quem você gostaria que eu fosse
dor que você apaga por minhas vezes

Não busque um motivo ou um porquê
simplesmente eu me equivoquei, perdoa-me."


            Eu não precisava nem de bola de cristal para adivinhar de quem havia escrito aquilo. Eu simplesmente amassei o papel e joguei pela janela. Olhei para o quarto de Stephen, que ficava de frente para o meu e fechei a janela.
            Como ele pode ser tão cínico ao ponto de mandar essas coisas estúpidas para mim? Ah, mas se ele pensa que vai me convencer com simples cartinhas de arrependimento está muito enganado. Peguei o telefone e liguei para Lali para marcarmos de nos encontrar na loja de música de Rochi e Candice no dia seguinte. Fui para a garagem, pois precisava deixar umas caixas com coisas minhas no porão e separar algumas para doação. Estava de costas quando senti uma respiração ofegante logo atrás de mim. Era Stephen. Me virei e nossos olhares se encontraram. 


- Quer ajuda? -ele se ofereceu vendo minha dificuldade com o portão emperrado- 
- Tanto faz -dei de ombros e me afastei, deixando que ele abrisse por mim- O que faz aqui? Não tinha que estar trabalhando ou alguma coisa assim?
- Ser dono de uma empresa têm lá suas vantagens. – ele parou no caminho e se virou para me olhar-  Não que eu deva satisfações a você, mas às terças, os administradores têm folga. Então, estou fazendo “alguma coisa assim” – ele me imitou, dando um sorriso sarcástico, eu dei um sorriso claramente forçado e revirei os olhos de tédio- Aposto que você precisa de ajuda com o portão. Vai me deixar ajudar ou não? – ele foi em direção ao portão, ficando de costas para mim. Eu olhei séria para ele-
- O que pretende, Amell?
- Abrir o portão para você oras -ele respondeu em um tom obvio- 
- Não se faça de sonso, pois sei que não é. O que pretende realmente se aproximando de mim? -ele se virou para mim e me olhou nos olhos, senti uma arrepio na espinha- 
- Apenas que voltemos a nos falar, não precisamos virar inimigos. Já fomos melhores amigos, acho que isso não se perdeu. –ele disse como se não importasse com o que havia acontecido há sete anos atrás- Acho que a gente não precisa se prender tanto ao passado. Além disso, já se passou tanto tempo, não podemos ficar sem se falar por toda uma vida. – cínico- Sem traumas, não é? -ele arqueou a sobrancelha, eu franzi o cenho-
- Claro -minha face suavizou, fingindo despreocupação- Sem traumas -o imitando, agora sorrindo- Então, pode abrir a droga do portão? -fiz um aceno com a cabeça apontando o portão fechado do porão- 
- Sempre tão simpática. –eu dei um sorriso forçado. Ele deu um empurrão para frente e para trás e o portão se abriu- Prontinho 
- Muito obrigada -eu sorri educada- Agora me dê licença -eu passei na sua frente com a primeira caixa e joguei meu cabelos para trás, formando um coque básico- Essas coisas estavam me deixando louca! Ainda bem que ainda tem espaço aqui.
- Talvez eu possa ajudar -ele sugeriu em um tom casual- Há varias coisas velhas aí, pode haver insetos, sei lá, alguns bichos -eu arregalei os olhos, apavorada com a possibilidade- Achei que eu poderia te ajudar se alguma coisa dessas acontecer -ele sorriu por fim- Posso?


Fiquei alguns segundos em silencio, formulando a possibilidade. Claro que se aparecesse algum bicho seria péssimo por que eu iria gritar, iria assustar minha mãe lá em cima e quase 97 % do meu corpo iria ficar tremendo por cerca de 20 minutos. Stephen sabia o pavor que eu tinha de insetos e afins. Mas eu certamente também ficaria meio abalada por ele estar tão próximo de mim. 


- Ok então, pode ficar -fingi indiferença- Olha, tem umas caixas ali no fundo super pesadas. Eu preciso que você as tire de lá e ponha ali no outro canto, assim eu posso trazer as 3 caixas que montei lá em cima -eu entrei na pequena salinha de  2x3 m² acendi o pequeno abajur que ficava no alto das tralhas - Estão logo ali -ele foi até o local e tirou a caixa, a pôs ao meu lado e começou a revirar as coisas de dentro- 
- Olha só Mai, tem coisas suas aqui -ele disse tirando uma fantasia minha de abelha rainha- Lembra daquela festa a fantasia, na casa da minha prima Cassidy, em que você foi de abelhinha ? -ele riu-
- Lembro. Também lembro que você brigou com a sua mãe porque queria ir de Adão –sorri da lembrança.
- Eu queria que você fosse a minha Eva 

Ele sorriu encantador, lançando seu olhar sedutor, eu desviei o olhar e comecei a mexer do outro lado, de costas para ele. A presença dele me incomodava, mas não poderia demonstrar. Ele me chamou a atenção mais uma vez. 

- Olha Mai, olha o que eu encontrei! -ele disse com entusiasmo na voz, eu me virei e vi o porta-retrato em suas mãos- Lembra? A foto que a gente tirou naquele parque de diversões, nas férias de primavera. Foi bem no momento em que eu te abracei e falei sobre como eu gostaria de te ter ali mesmo, no meio de todo mundo. e você vazia jogo duro comigo.
- E eu quase te joguei naquele rio artificial! –eu ri, me lembrando- Você estava impossível naquele dia. E eu fazia jogo duro porque sabia da sua fama de pegador.
- Você sabe que eu não era quem diziam que era. E tudo mudou quando de te conheci. Eu fazia o meu dia quando te fazia rir, ou simplesmente sorrir. Era o auge do meu dia. –eu sorri- Como agora.
- Era o que mais você fazia, me fazia rir -eu olhei a foto empoeirada- Olha o sorriso da Nina olhando a bunda do Charles! -eu ri, tentando desviar o curso da conversa- Ela nunca escondeu sua paixãozinha platônica!
- Eu também nunca escondi minha paixão por você -ele me olhou nos olhos, só então percebi o quanto nós estávamos próximos-

            Eu olhava para aqueles olhos azuis como o céu e fui me perdendo neles. Ele foi se aproximando da minha boca e senti seu hálito fresco passando para mim. Ele passou suas mãos suas mãos nas minhas costas, me trazendo para mais perto dele. Ainda hipnotizada por seu olhar, não conseguia ao menos me mexer, não conseguia mover um músculo sequer. Ele roçou seus lábios quentes nos meus e senti novamente a maciez de seus lábios perfeitamente desenhados. Por apenas um milésimo de segundo eu esqueci tudo o que ele havia feito a mim, sua traição, sua fuga, tudo. Meu coração batia tão rápido que eu me perguntei se Stephen podia ouví-lo. Sentir aqueles lábios que eu costumava conhecer tão bem me trouxe lembranças que estavam guardadas profundamente dentro do meu coração, e, sentir seu corpo tão perto do meu depois de tanto tempo me fez tremer um pouco. Naquele momento só existia nós dois. Enquanto ele circundava seu dedão pela minha cintura, pressionando levemente, senti ele abrir seus lábios lentamente e não demorou muito até sentir sua lingua pedindo passagem contra meus lábios cerrados. Eu poderia ceder ali mesmo, eu poderia perdoa-lo e tudo estaria bem outra vez.
Mas não era bem assim que as coisas funcionavam.  De repente tudo voltou como uma chicotada em minha mente. Minha mente começou a trabalhar rapidamente, trazendo lembranças dolorosas e me fazendo entender que a vida não era tão simples e minhas feridas não se curariam com um simples beijo. Eu adoraria que fosse tão simples assim, mas não era. Abri bem meus olhos quase cerrados de desejo e me afastei bruscamente. Acabei por derrubar algumas coisas enquanto me afastava. Minha respiração estava entrecortada e ele me olhava confuso.

- Maite, você sentiu isso? É inevitável nossa química, você me quer, eu te quero. A gente pode dar um jeito de fazer funcionar! Senti tanto a sua falta nesses anos todos...
- Funcionar? Faça-me o favor, Stephen! Você é muito cara de pau mesmo! -eu praticamente gritei, arfando- 
- Maite, me ouve ...
- Não ouvir droga nenhuma, você nunca para Amell! Nunca para com esses joguinhos idiotas de conquista. 
- Ok, agora você está sendo ridícula! -ele revirou os olhos, usando seu tom sarcástico.- Você estava querendo também, tanto quanto eu. 
- Quem está sendo ridículo aqui é você! Você acha que depois de tudo o que fez ainda vou cair nos seus braços e acreditar em qualquer idiotice que me disser?-eu ri sombriamente- Não Amell! Aquela menina sonsa que você conheceu ficou lá no altar da igreja, aquela a quem você deu as costas. A que está aqui é outra. E essa daqui quer que você volte pro inferno com essa sua tentativa inútil de tentar me seduzir - eu me aproximei dele e fiquei bem junto aos seus lábios novamente- Quem sabe numa próxima encarnação onde você não seja tão burro? -eu sorri e o empurrei contra as caixas encostadas na parede, mas ele não se mexeu muito- 
- Você está assim porque está mexida! -eu virei de costas para ele e respondi alto- 
- É, mexido está o meu estomago. Está querendo vomitar em cima de você! Você é me dá náuseas. Até o nunca Stephen Amell -eu sai sem olhar para trás.


Eu saí praticamente correndo e parei debaixo de uma arvore gigante que havia no fim da rua onde moro. Minha respiração ainda não havia se estabilizado e eu lutava contra meu coração e meu corpo que se recusavam a rejeitar a sensação que Stephen me passava através de seu corpo. Eu estive bem perto de beijá-lo, mas não podia me deixar levar. Fazia quinze dias que eu havia voltado e meu propósito não era voltar para Stephen. Assim que normalizei minha respiração, encostei minha cabeça no tronco e respirei fundo. Fechei bem os olhos a fim de apagar os minutos atrás, mas foi impossível, eu apenas lembrei mais ainda. Eu retornei para minha casa, caminhando e olhando o céu azul bem a cima de mim.

Entrei no porão onde eu havia estado e nenhum não havia sinal dele. Eu me sentei em uma caixa alta, cheia de roupas antigas minhas. Dei um longo suspiro e comecei a separar os objetos para doação. Uma respiração quente me assustou. Eu virei a cabeça rapidamente e dei com Alfonso bem perto de mim, com seu sorriso perfeitamente branco.

- Olá -disse ,ele-
- Oi Poncho -eu sorri surpresa- O que faz aqui?
- Eu vim lhe ajudar -eu franzi o cenho- Teu irmão, Joshua, me falou que estaria aqui e que talvez precisaria de ajuda -eu suavizei minha expressão-
- Não precisa explicar mais -eu ri- Vem, eu já separei algumas coisas. Pode empilha-las naquele outro canto, por favor?
- Claro! - em poucos instantes e sem careta ele pegou a caixa gigante de papelão a minha frente-

Seu rosto se escondeu atrás da caixa e ele foi empilhando as caixas, uma a uma. E foi assim até o finzinho de tarde. Restava apenas uma caixa pequena. Restou uma caixa para por na pilha já grande. Essa pequena caixa estava com coisinhas que eu guardava quando adolescente. Tinha meus diários, meus enfeites infantis... até recadinhos fofos mandados pelas meninas, quando fazíamos as pazes. E lá no fundo havia um caderno, ele era encapado com um tecido rosa com algumas flores roxas. Eu sabia muito bem a função dele. Ele foi meu ultimo diário antes de eu partir. Eu sei, era idiotice ter um diário com seus 20 anos, mas aquele foi muito importante. Nele descrevi o inicio, e também o fim do meu relacionamento com Sean, minhas alegrias com minhas amigas, e sobre a minha viagem. Poncho pousou sua mão suavemente no meu ombro esquerdo, levantei minha cabeça para mirá-lo e ele sorriu terno. 

- Sessão nostalgia? –eu sorri
- Mais ou menos -eu disse – São muitas lembranças guardadas nessas caixas 
- As lembranças são parte de nós, são do que somos feitos. Eu adoraria ver sobre o que você é feita –ele mexeu no meu cabelo gentilmente e fechei os olhos, sentindo o carinho 
- Um dia, Herrera. Um dia

            Eu abri os olhos e me afastei sorrindo. Ajeitei meu cabelo bagunçado e passei a mão no rosto tirando o suor. Alfonso deu uma risadinha baixa e o vi balançando a cabeça. Por ser pequeno, o quartinho era muito quente, havia um bistrô muito pequeno também, mas quase não entrava ar. Olhei para Alfonso que pegava a ultima caixa separada para doação sem esforço. A essa altura, ele estava sem camisa, eu já estava hiperventilando. Ele tem um corpo atlético, impecável. O suor fazia de seu corpo mais um elemento atrativo, eu já não sabia o que poderia fazer se ele não cobrisse aquele corpo logo.

- Mai, já levei as caixas com as doações lá para fora. Tem mais alguma coisa pra levar?
- Não, acho que terminamos -eu sorri- Ai, muito obrigada mesmo, por tudo viu? -eu o abracei de lado, e senti que ele beijava o topo da minha cabeça- E de recompensa te convido a tomar um sorvete comigo. Acho que não paga todo seu trabalho, mas é o que eu posso fazer.
- Talvez o sorvete não pague o serviço, mas a sua companhia vale o que fiz e muito mais. –nós sorrimos- Eu só preciso pegar minha carteira no carro – eu o segurei, impedindo –o de se mover
- Não vou deixar! Eu pago porque te convidei. –ele fez menção de reclamar algo, mas não deixei- E nem adianta retrucar. –ele baixou os ombros, demonstrando que tinha desistido daquela discussão-
- Você é sempre assim? – ele quis saber
- Teimosa?
- Intensa. –dei um pequeno sorriso.

            Saímos do porão e deixei que ele fechasse o portão com problemas, depois ele veio em minha direção e fiz sinal para que caminhássemos. Eu gostava muito da companhia de Alfonso, ele era cavalheiro, gentil, sedutor quando precisava e me fazia sorrir. Eu senti algo naquele instante, algo diferente, que me fazia sentir mais viva. O olhei enquanto caminhávamos e notei que a leve brisa de primavera brincava com seu cabelo. Eu segurei seu braço, fazendo-o parar de andar e ele me olhou confuso. Senti meu rosto queimar e de súbito, o beijei

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