domingo, 18 de agosto de 2013

Capítulo 6 - Baby, We Own The Night

Chapter Six


            Não olhei para trás para ver seu rosto e fui assim durante todo o caminho. Me senti forte. Senti que nada, nem ele poderia me deixar para baixo de novo e ele não vai deixar. Ao chegar à casa de Rochi, vi Alfonso, Nico e Joseph atentos à TV e Nina ao lado de Ian, lhe fazendo carinho nas costas.

- Mai! -Nina falou alto, para que os meninos escutassem- Que bom que chegou! -ela veio para meu lado me abraçar-
            Olhei para a sala, mas já estava vazia, os meninos e Rochi vieram para me cumprimentar também. Nico estava com um perfume gostoso. Alfonso estava mais másculo, sua barba, ainda que quase imperceptível, me arranhou gostosamente na face. Seu beijo foi lento em minha bochecha eu sorri para ele e não demorou para que eu visse os seus dentes brancos em seu lindo sorriso.

- Mai, Lali ligou avisando que vai demorar mais um pouco. Cande está fechando a Symphony e já, já aparece- Rochi foi nos trazendo para a sala-
- O que vim fazer aqui, exatamente, Rochi? -eu a olhei-
- Não óbvio? Se embebedar e passar um ótimo tempo com seus amigos, oras! -ela deu uma gargalhada- É bonita, livre, o que mais pode querer? -ela me olhou divertida- Bem, não me responda agora -ela piscou- Pedi pizzas, a gente pode jogar cartas e ..
- Mas como? Sabe que sou péssima em cartas!
- Ah não se preocupe Mai, pode jogar comigo - Alfonso se manifestou e me abraçou de lado- O melhor jogo é de duplas -eu sorri, o abraçando também-
- Ok então Poncho -eu sorri para ele e me sentei ao seu lado. 

             Candice apareceu depois de uns trinta minutos e Peter e Lali bateram à porta logo depois. As pizzas haviam acabado de chegar. Fomos jogar cartas. Na primeira rodada jogamos em duplas, assim como Alfonso tinha sugerido. Fomos em casais. Eu e Poncho vencemos 2 vezes ,mas os ganhadores foram Nina e Ian, com 4 vitorias ,ambos são os Nerds das cartas. Jogamos assim por um bom tempo. O placar final ficou assim: Rochi e Nico venceram 6 jogos, eu e Poncho ao todo ganhamos 7, Lali e Peter ficaram na lanterninha com 3 jogos ganhos. Candice e Joseph ganharam 8. Nina e Ian com 10 vitorias. Depois disso, ficamos cansados e o jogo estava muito monótono. 

- Tenho uma ideia, mas não sei se as meninas vão topar . -Ian disse-
- Qual? – indagou Nina ,entusiasmada-
- Nos dividimos em 2 grupos ,homens e mulheres.
- Já estou adorando! – Nina disse, subitamente animada.
- Mas espere.. -ele abaixou o olhar ,e quando virou para me olhar de novo estava com uma expressão maliciosa- Vamos jogar Stripoker.
- QUE? -os olhos de Rochi saltaram. 
- Para mim pode ser .. - Alfonso se manifestou-
- Por mim também - Joseph deu de ombros. Rochi, Cande e eu nos olhamos. Olhei para Nina e Lali, que estavam de certa forma conformadas.
- Ok .. -eu respondi, indiferente-
- Isso vai ser interessante – Peter disse com um tom malicioso;

           Ian explicou as regras e começou a distribuir as cartas. Meus olhares de flerte iam desde Alfonso até Nicolas, depois voltavam as cartas. O primeiro grupo a perder, foi o nosso. Cada uma tinha que tirar algo que tinha no corpo. Eu me teria me ferrado se não fosse pela meia calça que usava. Tirei minhas sandálias primeiro, Lali tirou seu colar, Cande, sua pulseira. Rochi tirou seu enfeite de cabelo e Nina seu anel. Na rodada seguinte perdemos de novo. Tirei minha pulseira, Nina tirou seus brincos. Lali tirou seus scarpins, Rochi e Cande seus anéis. Noutra foram os meninos, Alfonso e Ian tiraram logo as camisetas. Nico tirou seus tênis. Peter fez o mesmo, e Joseph tirou a calça. Não demorou muitas rodadas até que ficássemos em uma situação constrangedora. Eu estava com apenas minha lingerie, calcinha e soutien, ambos pretos de bolinhas e rendinhas rosas pink. Meu cabelo estava nos ombros cobrindo ,ou tentando cobrir, parte do meu colo. Lali, Nina e Rochi estavam na mesma situação. Candice estava com sua saia e sem calcinha. Ela tinha preferido provocar Joseph a todo custo naquela noite. Os meninos estavam de meias e cueca. Combinamos que seria a ultima rodada. E nós, meninas ,perdemos. Não havia o que tirar, exceto uma das peças da lingerie. Eu dei uma olhada rápida pela sala . Muitas roupas jogadas de canto a canto. As caixas de pizzas estavam vazias, havia também 4 garrafas de vinho no chão. Três vazias e uma quase no fim. Olhei para Alfonso e percebi que ele também me olhava. Nós sorrimos.


- Não vamos tirar nada ok? Já viram o suficiente! Até mais da conta, eu diria! -protestou Rochi-
- Mas jogo é jogo Rocío -lembrou Ian- É simples, vocês perderam, vocês tiram uma peça. Qual vai ser a sua?
- Ei! Presta atenção com a minha garota! Já viram muito por hoje – Nico disse indo em direção à namorada, a cobrindo com o corpo. Eu ri da cena. Talvez fosse o álcool subindo à cabeça.
- Sr. Somerhalder, abre o olho viu? –Nina jogou uma almofada nele fingindo ciúmes.
- Amor, calma! Eu só estou seguindo as regras do jogo –ele se defendeu- Vem cá, meu doce -ela fez menção de se afastar, mas Ian a puxou para cima dele e a abraçou forte e ali começou um beijo- 
           Começamos a jogar almofadas para separar o casal. Eu comecei a pegar meu vestido e minha meia-calça no chão e comecei a me vestir silenciosamente. Primeiro o vestido, depois a meia e assim sucessivamente. Alfonso me acompanhou e procurou sua calça jeans e sua camiseta. Lali e Peter se sentaram no sofá onde Joseph tinha Candice em seu colo. Rochi e Nicolas tinham ido até a cozinha fazer sabe-se lá o quê. Ian e Nina se separaram e todos começaram a vestir suas roupas. Todos riam e zombavam um do outro enquanto se vestia. Eu sai à francesa e fui ao banheiro retocar minha maquiagem. Ao sair, dei de cara com Poncho sorrindo encantadoramente pra mim.


- Você aproveitou hoje né? Viu as mulheres de calcinha e soutien ..depois disso só a morte né? -nós rimos do comentário.
- Que nada, apesar de todas vocês terem um corpo lindo, só olhei pra uma -ele deu um passo em minha direção-
- Eu espero que não tenha sido a Nina, porque o Ian é faixa preta no jiu-jitsu, ela me disse -eu brinquei, ele deu um risadinha abafada e se uniu mais a mim-
- Desse mau eu não morro Mai, quem eu olhei foi você -ele tocou em meu cabelo, acariciando meu rosto-
- Puxa, que sorte então -eu sorri e ele tocou seus lábios nos meus-
           Ele pressionou seus lábios contra os meus movimentando lentamente e mordiscou meu lábio inferior. Pude sentir sua barba roçando em minha pele e me aproximei ainda mais a ele quando uma lembrança invadiu minha mente.

"... - Adorei te reencontrar Maite
- Eu não posso dizer o mesmo ... "

           Eu abri os olhos rapidamente, como se um choque elétrico tivesse percorrido meu corpo naquele momento. Me afastei de Alfonso abruptamente e nos olhamos por questão de milésimos de segundos até que eu saísse correndo para a sala.
♣♣♣♣

           Depois de alguns segundos, quando já havia me enfiado sem perceber entre Rochi e Nico, senti remorso. Ele deve estar morrendo de ódio de mim. Vi um vulto caminhar na minha frente, mas não tive coragem de encará-lo. Continuei com a cabeça baixa. Rochi sussurrou que devíamos ir para o banheiro conversar. Eu levantei mecanicamente e fui sem olhar para ninguém. Os meninos conversavam animados e pude ouvir, assim que deixei a sala, a voz de Poncho no meio da conversa. Entramos todas no banheiro espaçoso dos meninos.

- O que houve Mai? O Poncho e você apareceram com cara de enterro lá na sala, me conta já! -exigiu Lali-
- Eu .. -eu levantei os olhos e as encarei rapidamente- meio que beijei ele
- Mas isso é ótimo! – Nina disse, animada
- E ele beija bem? – Candice quis saber
- Tem a pegada? – Rochi perguntou também.
- Para tudo! Se houve beijo, por que então apareceram com aquela cara na sala? – Lali interviu, entendendo a situação
- Obrigada por perguntar, Lali. A verdade é que não deu para saber se ele beija bem porque acabou tudo muito rápido. 
- Por quê disso? -Cande quis saber 
- Poxa Mai, ele é um partidão! - Lali começou- 
- E que partido hein! -Nina cutucou Lali com um dos cotovelos, rindo maliciosamente 
- Lali! - Agora eu quem a olhei assustada- 
- Mas por quê o espanto? Não posso mais olhar os homens, não? Eu hein! -ela deu de ombros e eu ri- 
- Mas me conte, por que? 
- Vocês não vão gostar de saber. Sério – elas protestaram um pouco então eu continuei- Stephen.
- Sério mesmo, Mai? -Candice suspirou de modo cansado.

           A verdade é que eu não queria que ele interferisse mais em minha vida, em nada que eu fizesse, mas desde quando eu voltei, sinto que ele ainda faz parte de mim e hoje que eu o vi, só confirmou o que eu sentia. Eu pensei que fosse mais fácil com ele longe. Mesmo quando eu ficava até altas horas desenhando roupas para me distrair da lembrança que me perseguia todas as noites, eu ainda sentia falta dele. Demorou alguns anos para que eu pudesse tirá-lo dos meus sonhos. E mais alguns para que eu pudesse afastá-lo de meus pensamentos. Pensando bem, desses creio que ele não saia mais. Isso me amedronta.



- Meninas, vocês acham que o Poncho vai me perdoar por ter saído que nem uma louca?
- Ai, deixa de ser boba, mas é claro! Você sabe como ele é fofo e tudo mais. Acho que ele está curtindo você Mai - Candice sorriu-
- Cande tem razão. Ele está caidinho por você, ele vai te perdoar com certeza, mas acho que você tem que falar com ele a respeito do ...bem, dele. Porque senão ele vai achar que você não o quer, quando na verdade é em outro em que você está pensando.
- Ai Lali, por Deus! Está me deixando louca, eu não penso nele! -ela arqueou as sobrancelhas- Certo, eu pensei -eu deixei que meus ombros caíssem- Mas ele está namorando com aquela modelete e refez a vida dele, eu não posso ficar presa a uma lembrança.
- Como sabe que ele está namorando, Mai? - Lali me olhou desconfiada-
- Então, essa é outra parte pequenininha que não contei -eu mordi meus lábios- Eu falei com ele hoje antes de vir para cá.

           Candice, a mais dramática, se jogou nos braços de Nina, que por pouco, não a deixava cair perto da privada. Rochi e Lali ficaram com uma cara de total confusão.


- Parem o mundo que eu quero descer! Como assim você falou com ele hoje à noite e NÃO nos disse nada, senhorita Maite?- Lali parecia irritada e surpresa ao mesmo tempo-
- Calma, eu explico. Não foi nada demais. Eu estava esperando o táxi na frente de casa e ele se aproximou de mim e puxou papo. Ele acabou falando que está namorando com aquela modelete -elas pareciam perplexas agora- Que foi?
- Ah -Rochi trocou sua expressão por uma indiferente- Nada, Mai. O que é seu ex-noivo-quase-marido-sumido-fugido voltar e puxar um papinho sexta noite depois dele te fazer sofrer horrores por sete anos e agora volta como se nada tivesse acontecido, falando de sua namoradinha modelete para sua Ex-noiva-quase-mulher-abandonada-no-altar. Nada de mais – eu ainda não sei como ela conseguiu terminar de falar tudo aquilo sem parar para respirar.
- Ei meninas, calma aí. -eu intervi- Vocês estão mais irritadas do que eu! Como isso é possível?
- Não é isso, Mai -Nina resmungou- A gente só está preocupada contigo, sabe né? Ex é sempre um perigo! 
- Eu não estou ligando para ele nem um pouco. Ele é um caso superado para mim
- E muito, né! -Candice se manifestou- É tão superado que deixou Alfonso Herrera no vácuo outra vez! -Ok, talvez não seja assim tão superado.
- Chega com essa historia, é passado! – tentei encerrar o assunto de uma vez
- De 5 minutos atrás – Lali alfinetou.
- É passado! -eu disse firme, olhando para todas- Eu não quero mais falar disso. Acho melhor eu ir embora! - fiz menção de sair do banheiro-
- Otimo! Se quer fugir dos problemas é o melhor que você faz então. -essa foi da Rochi, ela adora ter a razão- A verdade é que você não quer entender o que acontece com você e não deixa ninguém te ajudar, porque tem medo de descobrir que o que você sente é amor. Amor que ficou guardado todo esse tempo.
- Chega Rocío! -eu quase gritei- Não é verdade! Eu não o amo mais.
- Mas desde que você voltou, você sempre dá um jeito que falar dele, mesmo que seja pra alfinetar.
- Eu não quero mais ouvir nada! Você está viajando! – estávamos quase gritando no banheiro. Nenhuma das outras meninas ousavam a falar algo. Rochi tem uma personalidade muito forte e adora defender seu ponto de vista até o fim.- Para de se enganar e começa a enxergar que você tem um problema que não quer encarar. –eu não tinha o que responder a isso então me calei.

           Senti que as lágrimas queriam explodir e eu não queria que viessem agora, não queria que ninguém me visse assim, frágil. E também não queria brigar com Rochi por besteira. Christopher que me fazia assim. Eu abri a porta do banheiro depressa e peguei minhas coisas na sala sem olhar pros meninos. As meninas, menos Rochi, vieram atrás de mim, falando comigo. Eu não olhei para trás somente caminhei olhando pro chão. Em certo momento, não pude mais ouvir a voz de ninguém. Fui tentada a olhar para trás, mas não virei. Chamei o táxi pelo celular e enquanto secava minhas lágrimas, senti alguém se aproximar de mim.


- É por minha causa que choras, Mai? -a voz soou como um trovão em chuva de verão nos meus ouvidos- Eu fiz alguma coisa? -Eu levantei meu olhar e vi Alfonso ao meu lado, me olhando com uma expressão preocupada.
- As meninas...?- Poncho me interrompeu-
- Estão lá com os meninos, elas te conhecem ,disseram que só vai estar melhor amanhã -não pude deixar se sorrir, era mesmo verdade- Mas eu quis vir hoje, eu não entendi bem o que aconteceu. Você saiu de repente. -eu não tive coragem de encará-lo-
- Me desculpa Poncho, eu fiquei nervosa com umas coisas que a Rocío disse e acabei perdendo a cabeça. Tem certeza de que nenhum de vocês ouviram do lado de fora? – fiquei um pouco preocupada com o que ele poderia ter ouvido
- Só notamos que vocês demoraram, mas achávamos que estavam fazendo coisas de mulheres – eu sorri, um pouco aliviada, confesso. Eu o abracei de súbito e ele retribuiu sem entender.
- Vou entender esse abraço como um pedido para te levar em casa – eu ri e me afastei um pouco, para que eu pudesse ver seu rosto de perto.- 
- Vamos interpretar desse jeito, então.

           Enquanto caminhávamos até o carro dele, não disse uma palavra, estava pensando em quantas coisas eu tinha passado naquela noite. As palavras de Rochi, apesar de meio duras, tinham verdade e eu não sabia como lidar com isso. Sem dúvida, Christopher mexeu muito comigo, mas não sei seu isso é bom ou ruim , pelo menos por enquanto. Chegamos em frente de casa e eu o olhei e trocamos um selinho. Ele disse que me ligaria em breve e eu acreditei. Entrei em casa e me preparei para dormir. Me joguei na cama e rolei por não sei quanto tempo para conseguir dormir.

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