domingo, 18 de agosto de 2013

Capítulo 12- Free Fallin'

Chapter Twelve



- Boa noite dorminhoca -ele zombou e eu acabei rindo com ele. 
- Boa noite, querido!-nós sorrimos e ele me beijou os lábios rápido. 
- Está linda, sabe? -ele me apertou mais em seus braços.
- Você está mais, todo importante aí -eu tirei com ele- 

Ele se afastou um pouco e desabotoou os quatro primeiros botões da sua camisa do tom bem clarinho de salmão. 

- Agora estou melhor, estava me sufocando -ele riu- 

Eu me virei pra passar o gloss e senti seu corpo contra o meu novamente, ele me virou delicadamente para seu rosto e me beijou, dessa vez mais ternamente. Perdi a noção do tempo enquanto o beijava, só queria sentir seu calor me prendendo a teu corpo. Nos separamos e olhei em seus olhos, eu sorri sarcástica 

- Desse jeito não há M.A.C que resista!
- E quem disse que era para ao menos tentar resistir? -nós rimos- 
- Me deixe pelo menos passar o pó e a sombra, aí saímos. -eu pisquei e me virei para o espelho novamente- Pode sentar na cama se quiser -o olhei pelo reflexo e o vi se sentando na minha poltrona-
- Eu sei, é diferente...-eu comentei enquanto passava a sombra- 
- Isso é...-ele passou os dedos com cuidado- pele de verdade?
- Ai, claro que não! Eu prezo pelo bem estar dos coitadinhos dos ursos! 
- Nunca vi nada parecido!
- E eu acredito, é uma peça exclusiva, foi um designer francês que me procurou, eu adorei ainda em foto -eu o olhei sorrindo - 
- Eu imagino. É super macia -ele se recostou mais, se afundando na poltrona- 
- É sim, adoro descansar nela -eu sorri me lembrando- 
- Deve ter sido meio cara
- E foi, mas era mais forte que eu –nós rimos- E acho que foi um ótimo gasto, não acha? 
- Você não para de me surpreender! - Me virei para ele e borrifei perfume no pescoço e nos pulsos, depois eu fui até ele e sentei em seu colo .
- Acho que agora podemos ir -eu sorri e mordisquei seu lábio inferior- 
- Acho que não quero mais -ele me tomou em um beijo quase sensual e não pude resistir.

Nos beijamos por longos minutos e quando nos afastamos sorrimos cúmplices um ao outro. Eu me levantei e arrumei minha blusa e mexi no cabelo. Ele abriu a porta e saiu primeiro, fui descendo as escadas logo atrás dele, Joshua passou por nós e deu uma risadinha. O ignorei e pedi em voz alta para que Alfonso também o fizesse. Eles se cumprimentaram e saímos. No carro tocava Kelly Clarkson, eu aumentei um pouco a volume e cantarolava do meu jeito.



- "If she really knows the truth, she deserves you. A trophy wife, oh how cute. Ignorance is bless. But when your day comes and she's through with you. And she'll be through with you. You'll die together but alone."*

- Você gosta mesmo dessa música, Mai -ele comentou entre um verso e outro.

Eu sorri pra ele, e assenti concordando. Curiosamente, aquela musica parecia ser feita para mim. E eu costumava ouví-la na minha fossa no passado. Agora eu podia cantar de peito aberto. 

- Never again will I hear you.
Never again will I miss you.
Never again will I fall to you.
Never.
Never again will I kiss you.
Never again will I want to.
Never again will I love you.
Never! 

Does it hurt to know I'll never be there?
Bet it sucks to see my face everywhere.
It was you who chose to end it like you did.
I was the last to know
You knew exactly what you would do.
Don't say you simply lost your way.
They may believe you
But I never will.
I never will.
I never will.
Never again." **

 ♣♣♣♣

- Vou te levar a um lugar especial hoje à noite. - Alfonso disse quando nos encontramos em frente de casa-
- Adoro surpresas, mas posso ter uma dica?- ele sorriu maroto e me olhou rapidamente-
- Se eu desse uma dica já não seria surpresa -eu sorri o olhando-

            Hoje completamos um mês desde que combinamos que “nos conheceríamos melhor”. Alfonso me fez vestir para um jantar sofisticado. Era uma sexta-feira e tínhamos planos para o final de semana, planos dos quais Poncho não deixava eu saber. Eu não estava certa do que dar a ele e nem se seria apropriado dar um presente a um ficante. Do mesmo modo, Rochi e Nina me ajudaram a escolher algo que acredito é ideal. Eu prendi meu cabelo com uma trança trabalhada desde a raiz, terminando no meu lado esquerdo. Eu usava um vestido que Candice havia escolhido dias atrás e ainda estava com a etiqueta da loja.
            Chegamos a um restaurante novo e estava recebendo ótimas críticas segundo o que soube. Nos sentamos perto da sacada que dava vista para a cidade. As luzes acesas da cidade tornavam tudo ainda mais especial. Poncho segurava minhas mãos e as acariciava. O garçom chegou e nos ofereceu o cardápio. Alfonso tirou seu terno e abriu dois dos botões de sua camisa, pude ver de relance seu peito torneado e bronzeado. 
Nós comemos e eu me deliciei com as sobremesas. Ele ria das minhas brincadeiras e eu ria de suas histórias de infância. Quando terminamos, ele havia pedido um capuccino cremoso e estava quase no fim.


- Quero te dar uma coisa -ele disse sorrindo 

            Ele levou as mãos ao bolso e tirou de lá uma caixinha comprida de veludo preta. Meu coração bateu mais forte, eu já imaginava o que seria e isso me deixou insegura. Ele aproximou aquela pequena caixinha de nós e a abriu lentamente. Ele riu e olhei para ele.

- Maite, relaxa não é o que está pensando. É só um presente. 
- Você quer é me matar! – eu disse com o mão no peito, tentando conter as batidas fortes do meu coração.


            Quando a abriu por completo, vi que eram dois lindos pingentes acompanhados pela fina corrente de ouro. No pingente havia duas iniciais entrelaçadas, M&A, modernas e sofisticadas. Meu olhos subiram até os deles, onde ainda encontrava seu sorriso puro e sincero. Seus olhos encaravam os meus com ternura, eu sorri e lhe dei um beijo rápido, mas calmo.


- Maite, estou um pouco nervoso, eu não sei bem por onde começar. Eu só sei que desde aquele dia na festa de Peter, você me cativou de uma forma em que não posso mais pensar em outra coisa, senão você. Sinto que o tempo que passei sem ter ao menos te conhecido é apenas um borrão. Alguns melhores, outros nem me lembro, de verdade. E isso é bom, porque me dei conta do quanto você é importante para mim. Eu não me vejo com mais ninguém além de você. Temos passado momentos ótimos juntos, dividimos histórias, sorvetes e, bem -ele deu uma risadinha- obviamente não sei mais o que falar –eu peguei em suas mãos que estavam sobre a caixinha  e olhei no fundo de seus olhos. – Maite, você quer namorar comigo?


            O que eu poderia dizer depois daquilo tudo que ouvi? A declaração mais doce e sincera que ouvi depois de um longo tempo, desde que fechei meu coração. A verdade é que Poncho me fazia muito bem. Ele era quem me fazia rir, o jeito que ele me sorria fazia meu estomago revirar de felicidade, me dava vontade de beijar aqueles lábios toda vez que eles se movimentavam, ou então ficavam parados, só esperando que eu o surpreendesse com alguma bobagem para que eu visse seus dentes perfeitamente brancos e alinhados. Seus olhos com aqueles cílios compridos e grossos me davam vontade de sorrir. Oh céus, estou apaixonada. Estou completamente apaixonada por Alfonso Herrera. Não pude responder nada menos que um grande


- Sim, claro! –me inclinei para dar um beijo longo naqueles lábios que eu tanto adorava beijar
- Mai, acho que te amo. –ele disse entre pequenos beijos que ele distribuía pelo meu rosto
- Eu meio que desconfiei –nós rimos e demos outro beijo, dessa vez rápido.
- A pulseira, você pode colocar mais pingentes, eu dei apenas o começo.
- Eu adorei, é linda! - peguei com cuidado aquela peça delicada. 
- Não, deixe que eu faça isso -ele murmurou enquanto pegava a pulseira- 

            Ofereci meu pulso direito a ele e deixei ele por. Ao final ele deu um beijo carinhoso nas costas da minha mão, como quem cumprimenta uma verdadeira dama e, sorrindo, nos beijamos mais uma vez. Dessa vez, um beijo mais duradouro e mais apaixonado. Pela primeira vez, senti que meu corpo reagia a isso, que eu reagia a ele. Não havia mais dúvidas de que eu estava amando Alfonso. Seria perfeitamente normal. Afinal, eu era sua namorada. Sou sua namorada. Essa palavra agora era oficial. 

- Sério que gostou ?- ele perguntou com um brilho especial no olhar-
- Sim, e nunca vou tirá-la, quero te ter perto de mim, sempre ! -eu sorri- Mas não pense que sou só eu quem pode ser surpreendida hoje. Eu também tenho algo para você.


Peguei minha bolsa e tirei a pequena caixinha azul marinho de dentro dela. Eu abri devagar e fiquei atenta ao rosto de Poncho, prestando atenção em sua expressão de surpresa e alegria assim que mostrei o que tinha dentro.


- Bem, como sei que você usa muitas camisas sociais e por esse motivo pensei que seria o presente ideal a um homem de negócios. Claro, tem minha marca nela. – ele pegou as abotoaduras douradas com a inicial M, de Maite cravada, e, sorrindo, me olhou nos olhos-
- São lindas meu amor! Obrigado, não precisava ter feito algo assim por mim, sério. – eu revirei meus olhos ignorando o surto de modéstia dele- Vou usar sempre!
- Foi o que eu imaginei ouvir você dizer. –ele me deu um beijo de agradecimento e guardou a caixinha com as abotoaduras no bolso da calça. – Ei, amor –me aproximei dele falando perto de seus lábios- O que acha de sairmos daqui, tipo, agora? – eu quase não me reconhecia, mas a verdade é que estava querendo muito poder beijá-lo sem pudor, isso só para começar.
- Você literalmente leu meus pensamentos, eu juro. –eu ri me afastando lentamente dele-



No próximo instante que lembro, foi de chegar ao prédio onde ficava o apartamento dele ficava um pouco descabelada pelos amassos que demos no carro dele, no elevador e no corredor que dava no apartamento dele. Ao chegarmos na porta, enquanto ele pegava as chaves, eu beijava seu pescoço, dando leves mordidas. Ele me pos de frente para ele e de costas para sua porta, me pressionando contra ela. Eu notei que ele estava buscando furiosamente as chaves em seu bolso enquanto me beijava e controlava seus nervos para não soltar palavrões ali no corredor silencioso.


- Quer...quer a-ajuda? –eu disse ofegante enquanto buscava sua orelha que estava quente. Eu apalpei seu bolso esquerdo e, antes de arranca-la de lá, ouvi um arfar de desejo de Alfonso sufocado pelo meu pescoço que estava em sua boca. O ouvi esmurrar a porta quando, de leve, toquei em seu membro por reflexo. – Aqui. Abre isso. Agora. – nos olhamos nos olhos e ele deu um sorriso e pegou a chave da minha mão.
- Feche os olhos –ele disse ofegante
- O quê? – disse em um fio de voz. Não acredito que ele queria fazer um joguinho, logo agora.
- Só faz o que eu digo, por favor. –eu fechei meus olhos e senti a porta abrir atrás de mim. Alfonso virou meu corpo de forma que eu ficasse de frente pra a sala dele.


Eu já estive muitas vezes em seu apartamento, eu não entendi o porquê dele me fazer fechar os olhos. Ouvi que ele trancou a porta atrás de mim e ele foi me guiando a passos lentos até que paramos. Senti um arrepio quando senti seus lábios no meu ombro e sussurrou ao pé do ouvido.


- Pode abrir – abri os olhos rapidamente, pois não aguentava aquela angústia.


Me deparei com um ambiente totalmente romântico, haviam pétalas de rosas brancas, que ele sabia que eu amava, distribuídas pela cama e pelo carpete de madeira nobre, no quarto todo. Haviam velas grossas e pequenas pelo quarto, deixando o ambiente com um tom obscuro e ainda mais romântico. Fiquei maravilhada com toda aquela cena, busquei Poncho com os olhos e o encontrei vindo da cozinha com uma garrafa de vinho. Meus olhos estavam marejados de emoção. Tentei dizer algo, mas achei melhor demonstrar em um beijo longo e inesperado.


- Acho que isso quer dizer que você gostou –ele disse quando afastei
- Totalmente. Isso tudo é lindo, Poncho, como foi que você fez tudo isso? As rosas, as velas... tem dedo das meninas aqui né? -Eu disse indo até a cama king size dele. Ele havia servido vinho nas taças e vinha em minha direção com uma delas. – Está querendo me embebedar para me levar para a cama, sr. Herrera? –eu ri afetada
- Sim, teve dedo das meninas, mas só um pouco, e não, eu não quero te embebedar porque te quero bem sóbria para o que vamos fazer aqui hoje. –ele deu um riso malicioso e quase sombrio, confesso que um frio correu pela minha espinha ao ver seu olhar sobre mim.


            Dei mais dois grandes goles no vinho que ele tinha passado para mim e fui em sua direção. Ele estava de costas acendendo uma vela que tinha apagado do nada. Fui tirando delicadamente sua camisa de dentro da calça e fui passando meus dedos pelas suas costas delicadamente, vi quando ele tombou sua cabeça para trás, com os olhos fechados, sentindo minhas unhas deslizarem pelo seu dorso lentamente. Ele se virou para mim e eu o encostei no móvel atrás dele e comecei a desabotoar sua camisa que já estava amassada. Ele apertou minhas coxas e subiu para minhas costas, onde ele encontrou o zíper do meu vestido e me despiu rapidamente. Eu chutei minha peça para o lado e dei espaço para que ele tirasse suas peças também. Ele juntou nossos corpos de pronto e me guiou, de costas, até sua cama. Ele depositou certo peso de seu corpo em cima de mim e beijou meu colo e pescoço. Eu entrelacei minhas pernas em torno do seu tronco e o beijei sofregamente. Tudo depois disso foi uma sucessão de prazeres que eu não sentia há tempos e que pude perceber o quanto estava ligada a Poncho.


- Não me diga que está cansado? –eu disse a ele, após tomar um longo gole de vinho-


Estávamos encostados um no outro, desfrutando da segunda garrafa de vinho aberta naquela noite. Eu estava enrolada no lençol dele, com um pouco de frio. Ele não parecia estar com o mesmo frio que eu, pois seu lençol estava parado na sua cintura e sua perna esquerda estava descoberta e passava por cima da minha, que estava entrelaçada à sua outra perna, por debaixo dos lençóis.


- Só estou tentando pegar um ar, sabe. Você é muito mais do que eu imaginava, muito mais. –eu ri-
- Então quer dizer que você andou me imaginando, sr. Herrera –ele olhou para mim e deu um sorriso
- Que mania é essa sua de me chamar de sr. Herrera, srta Perroni? –eu gargalhei e dei outro gole no vinho
- Eu gosto de falar seu sobrenome, sr. Herrera, só isso. Acho lindo como soa quando falam. Mas não fuja da minha pergunta. Você andou imaginando o quê sobre mim? –dei o ultimo gole no vinho e o olhei nos olhos-
- Coisas que você só vai acreditar se eu mostrar –ele se endireitou na minha frente e veio para cima de mim, tirando a taça delicadamente dos meus dedos e a colocando no criado-mudo. E começamos tudo outra vez.


Acordei com um som de talheres batendo bem perto de mim, abri um dos olhos e vi a silhueta de Alfonso sentado na beira da cama, com uma bandeja com um ramo de flores do campo e outras coisas que eu não conseguia ver com um olho só. Eu me espreguicei e me sentei na cama, encostando na cabeceira da cama.


- I-Isso é para mim? –eu olhei para o suco, o frapuccino, as torradas e os queijos.
- Você está vendo outra morena insaciável aqui nesse quarto? –eu ri sentindo minhas bochechas queimarem
- Abusei de você? –mordi meu lábio, envergonhada
- Se você abusou de mim? Sim. –ele pegou uma das torradas e passou geléia de blueberry que eu adoro e fez sinal para eu abrir a boca, assim o fiz.- Se eu gostei? –eu dei uma mordida- Eu adorei. –eu sorri ainda mastigando- Você deve estar com fome, eu fiz mais bacon, se você quiser.


Ele se levantou e reparei que ele tinha posto uma calça larga de moletom, mas nenhuma camisa. Aquele tanquinho me tirava a atenção todas as vezes que ele ficava sem camisa. Eu não poderia querer nada mais. Eu tinha ao meu lado o melhor homem do mundo. O fato dele ter acordado antes de mim, com o cuidado de não me acordar fez com que eu amasse ele ainda mais. Ele virou de costas, rumo à cozinha e notei as marcas avermelhadas nas suas costas. Agradeci silenciosamente por ele não precisar trabalhar sem camisa, como os nadadores.


- Poncho, o que você faria se eu não tivesse aceitado seu pedido de namoro? O que faria com tudo isso? –perguntei vestindo sua camisa da noite passada que estava jogada no chão. Pude encontrar minha calcinha e meu sutiã também.
- Não sei, provavelmente ia dormir com pétalas pelo meu quarto –ele respondeu se jogando na cama, juntando algumas das pétalas. Eu observei pela gigante janela do quarto dele que dava para ver o centro da cidade de Bluebell. Não era nada comparado à cidades como Nova York ou então Paris, mas tinha seu charme.


O dia estava nublado e me fazia querer ficar na cama o dia todo. Me juntei a Alfonso e me aninhei em seus braços como uma gatinha buscando afago.


- Temos mesmo que sair daqui hoje? O dia não está colaborando. –falei baixo, me afundando ainda mais nos braços dele.
- Nós temos reserva às 15:00 no... bom, melhor guardar um pouco do suspense. –eu levantei meio corpo me apoiando na cama e dei uma boa olhada naquele rosto
- Sério mesmo que você vai me fazer ficar curiosa até chegar lá?


Franzi o cenho não aprovando sua atitude. Em resposta, recebi um puxão que me fez desequilibrar e cair em cima dele outra vez. Ouvi sua gargalhada grave ecoando pelo quarto e me controlei para não rir também. Ele passou seus braços pela minha cintura e me apertou contra seu corpo. Ele me roubou um beijo e pôs uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha.


- Vai valer a pena, você vai ver. –ele disse e eu acreditei. Meu celular começou a tocar abafado pela bolsa e as roupas amontoadas em cima dela. Eu levantei seguindo o som e fui até a sala. Encontrei a bolsa jogada perto da porta e peguei rapidamente o celular e atendi.
- Alô?
- Maite? Maite! Finalmente você atendeu esse celular! –a voz quase estridente e animada de Candice soou do outro lado da linha e eu sorri-
- Eu estava, hum...ocupada. –balbuciei observando ao meu redor para ver se Alfonso não estava por perto.
- Me conta tu-do! Quero saber se deu certo o lance das flores e .... –ouvi mais vozes estridentes ao fundo e deduzi que todas as meninas estavam juntas. Claro que elas não perderiam esse momento. – Calma aí Nina, já deixo você perguntar isso...Rochi, não, espera!
- Alô Maite? Como foi? Ele é bom de cama? –ouvi Nina perguntar, mas antes que eu pudesse pronunciar algo, outra voz interrompeu
- Mai? – escutei bem ao fundo e deduzi que era Lali- Suas tontas, por que não colocam no viva-voz? Assim todas podemos ouvir o relatório da Mai! Agora sim! Pode falar Mai, te ouvimos!
- Bom dia para vocês também! O que é isso? Interrogatório? De frente com Maite? –eu disparei, notei que Alfonso não estava mais no quarto.
- A gente só quer saber se está tudo bem –explicou Rochi, serena como sempre.
- Ok, isso também. –Candice confessou- Mas o mais importante é saber se ele é bom de cama ou não!
- Ele é...
- Quem é no telefone, amor? –senti os braços de Poncho na minha cintura e seu queixo apoiado no meu ombro. Meu coração disparou.
- Poncho? – ouvi Nina murmurar- Ele chegou gente, ferrou tudo. – ouvi mais um murmurinho e logo Lali se pronunciou
- Mai, a gente te liga mais tarde! Beijos, aproveita tudo por aí. Você merece – e desligaram
- Mai? – Alfonso me chamou mais uma vez. - Está me ouvindo?
- Estou sim amor, desculpa, é que essas meninas estão loucas! Ligaram do nada e desligaram do nada também – nós rimos e ele me beijou o ombro outra vez.
- Está quase na hora do almoço, você quer se aventurar aqui em casa ou quer almoçar fora? –eu fui nos guiando até o sofá, já que ele não me largava por nada.
- Me diz como vou sair para almoçar fora se tudo o que eu tenho aqui é o vestido que usei a noite passada? – eu notei que seu sorriso tinha um pouco de malícia e logo desconfiei.- Hei! O que você está escondendo de mim, sr. Herrera? –eu o cutuquei e ele riu
- Só conto se você parar de me chamar de sr. Herrera, me faz parecer um velho
- Ok, amorzinho meu, meu sorvete de chocolate – fui subindo em cima dele distribuindo beijos pelos seus braços, pescoço e rosto. Ele parecia estar disfrutando de tudo, pois estava rindo muito, como eu- meu ursinho de dormir. Assim está melhor sr., ops, meu docinho de coco? –eu gargalhava alto
- Assim está muito melhor –ele me deu um beijo rápido e sorriu- Sobre sua roupa de hoje, as meninas podem ou não ter tido algo a ver com isso. –eu arregalei os olhos, surpresa.
- Não acredito que elas armaram tudo isso pelas minhas costas e eu não me dei conta! –me sentei no sofá, fingindo indignação, mas na verdade eu estava feliz por ter amigas tão fofas como elas.
- Candice ficou histérica quando contei meu plano para ela –disse Poncho- Logo todas sabiam e me ligavam toda hora no trabalho –ele deu uma risada- Sinceramente não sei como você não descobriu. –ele passou suas pernas em torno de mim, me prendendo-
- Também não sei. Elas estão ficando boas nisso – comentei observando a chuva fraca que caía do lado de fora do apartamento – Bem que podíamos pedir um delivery, não? Está tão gostoso aqui –deitei sobre seu corpo e senti seu coração bater- Que preguiçinha!
- Por mim tudo bem, contanto que você fique comigo –senti que ele beijou o topo da minha cabeça.


            Pedimos comida italiana e depois arrumamos, bem, o Alfonso arrumou sua mochila para irmos para o tal lugar misterioso, já que minha mala já tinha sido previamente preparada pelas minhas amigas fofas. Enquanto Poncho escolhia suas peças que iria levar, eu juntava as pétalas da noite anterior e colocava dentro de um vaso, salvei uma das pétalas para levar comigo e joguei o resto fora. Juntei as velas e as coloquei em lugares do apartamento de Poncho, de modo que ficasse harmônico. Eu não entendia muito de design de interiores, mas alguma coisa eu aprendi enquanto decorava minha loja e meu escritório.

            Saímos por volta das 13:45, presumi que não era em Bluebell pelo horário que Alfonso disse que tinha feito a reserva. Minha mala estava no carro e como previ, ela era tão grande que dava para passar mais um mês fora de casa se eu quisesse. Acho melhor assim, antes sobrar do que faltar. Um pouco antes de chegar ao local, ele parou o carro no acostamento e me fez usar uma venda, me fazendo prometer que eu não iria tentar espiar.

            Chegamos no local e esperei no carro até Alfonso fazer o check-in. Eu estava muito ansiosa e confesso que por pouco não tirei a venda para espiar. Quando tomei coragem, ouvi passos pesados em pedras e desisti.


- Estamos quase lá, meu amor. Só mais alguns minutos.

Capítulo 11 - Girls Just Wanna Have Fun

Chapter Eleven

- Não, e depois ele ficou me olhando como quem diria: "Que vadia louca !", acreditam? -eu gargalhava-
- Nina, você queria o que? Que ele te elogiasse depois de você ter praticamente pulado em cima do taxi dele desesperada?- Nina fingiu indiferença- 
- Rochi, diga a ela o quanto eu sou equilibrada. -Rochi riu mais e me olhou-
- Você sabe o quão equilibrada ela é! -todas rimos-

Tomamos café-da-manhã ali mesmo, no anexo de café que elas tinham recém- inaugurado. Depois fomos a algumas lojas para nossa terapia. Candice me contou sobre Joseph e de como as coisas têm mudado ultimamente. Nina disse que sua relação com Ian não poderia estar melhor. Ian era muito carinhoso e sempre a surpreendia com planos inovadores. Rochi disse o mesmo sobre Nico e também que ele era muito romântico, assim como ela e ele estava de viagem para uma competição em Vancouver. Lali comentou que Peter a convidou para passar o aniversário de namoro deles de 6 meses nas montanhas. Eu não falei nada sobre meu encontro com Stephen na noite passada, mas me senti bem em falar como eu me sentia em relação a Alfonso.

Alfonso estava sendo uma companhia e tanto, ele havia conquistado meu carinho. Ainda que eu parecesse uma idiota, chorando pelo Stephen às escondidas, ele estava sempre ali, me animando, mesmo sem saber por qual motivo eu estava mal.


- E então Mai? -Nina tirou minha concentração e me olhava com um sorriso estranho-
- Então ...? - eu arqueei minhas sobrancelhas- 
- Você e Poncho já ...? -ela fazia uns gestos com as mãos, assim que percebi do que se tratava arregalei meus olhos-
- Nina! Ai Meu Deus, sua louca! -eu estava muito surpresa- O que....o que ?-eu piscava várias vezes, nervosa-
- Não precisava ser tão direta, Nina – Rochi interviu-
- Ei, ei , eii ...calma! Respira -Candice me amparou, rindo- Foi só uma pergunta, o que é? Aconteceu e não quer pra gente?
- Não! -eu franzi o cenho- Tipo, não. -eu disse firme- É que, bem, não sei. Ele é tão gentil. Não que a gente já não tenha quase feito, mas ainda não sei.
- Ah Mai, você é muito lerdinha! Aquele GATO do seu lado e você se fazendo a rogada! –Lali comentou e gargalhou.
- Gente não importa! Nem que fosse o Andy Brown da Lawson, do meu lado, eu não ia ir pra cama se eu não quisesse, não me sinto preparada ainda -desabafei- 
- Mai, se eu te fizer uma pergunta não vai ficar brava ou coisa assim? - Rochi arriscou com medo-
- Pode -me fiz indiferente, mas no fundo estava temendo um pouco a pergunta- 
- Depois do Amell, você já transou com outros caras? 
- Já Rochi -eu sorri, tentando quebrar o gelo- Mas não foi com qualquer um, tive alguns romances e tudo mais em Paris.
- Quem não teria? A cidade é perfeita para o romance. – disse com ar romântico a Candice 

Enquanto eu conversava com elas, de relance vi uma cabeleira inconfundível entrando no local. Ao ver pela aparência e pela estatura, logo notei que era Troian. Ela me viu e sorriu, caminhando até mim. Alguns segundos depois, Stephen entrou também. Ignorei meu coração dar um pulo.

- Maite! -ela disse cantarolando e me abraçou- Como está? Que legal te encontrar por aqui
- Oi Troian, estou bem sim - Stephen pôs-se atrás dela como um guarda-costas- E você?

Ouvi os murmúrios das meninas e notei que elas viraram o rosto para Stephen. 

- Ótima! -ela disse sorridente- Stephen e eu viemos passar o tempo, aproveitando nossa oportunidade de folga juntos.
- E devem aproveitar mesmo -eu olhei para Rochi e Lali que ouviam atentamente a nossa conversa e sorri- Estou aqui com minhas amigas, seria rude não apresenta-las. Estas são Rocío, Candice, Nina e Lali, minhas amigas! -elas se cumprimentaram com beijos na face e sorriram- 
- Oi meninas! Hey Mai, por que vocês não se juntam com a gente?-Olhei rapidamente pra Stephen que arregalou os olhos de temor-

Eu não sei bem explicar, mas quando o vi com aquela cara de desesperado me deu vontade de rir, mas conseguir manter minha expressão calma e tomei minha decisão. 

- Claro, porque não? -eu sorri tão falsamente para Stephen que eu mesma não acreditei.

Senti que todas me olharam assustadas e eu as levei para o banheiro enquanto Troian e Stephen encontravam um restaurante para nós almoçarmos.

- Está louca Mai?
- Cande, se liga! Ela está com aquele sorriso que ela tem quando está planejando algo a alguém. -Nina riu - 
- Um ponto para Nina! -eu anunciei, depois olhei para Candice, Lali e Rochi que me olhavam sem entender- Relaxa, eu sei o que estou fazendo -eu pisquei-
- Eu espero - Lali fez o sinal da cruz em mim e todas nós rimos.- 

Ao voltarmos para a mesa, o animado casal estava de beijinhos. Não posso negar que me deu repulsa e vontade de dar meia volta e ir embora, mas me controlei. Eu precisava ser o mais convencível possível. Fiz um pigarreio com a garganta nos sentamos com eles. 

- Então animado casal, quando sai o casamento?-eu perguntei com curiosidade infinita. Pude sentir o desconforto de Christopher ao ouvir a palavra 'casamento'. 
- Ah, não sabemos ainda, Stew quer esperar um pouco. Talvez na próxima primavera -ela sorriu, pegando a mão do amado- 
- Ei Amell, o que acha da primavera? Não é uma estação linda?- Nina indagou, pegando o espírito da coisa- 
- É -ele disse simplesmente e olhou para Troian- Amor se importa se eu sair? É que tá meio estranho isso aqui, só tem mulheres
- Que isso Stephen, está com fobia de mulher, é isso? –Lali alfinetou 
- Deixa disso Stephen, meu querido! -eu exclamei- Fique. Que eu me lembre, na escola você sempre gostou de ficar no grupo onde só existia você de homem. – todas nós rimos, Troian arriscou um sorriso- 
- Amor, nunca me disse que foi a escola de Maite -ela fez beicinho- 
- Porque não era lá coisas muito importantes -fiz um sinal e Candice começou-
- Como não Stephen? Ai, homem é tudo um bicho estranho não é? -ela falava com Troian- A verdade é que Stephen sempre ficou com o grupinho de garotas porque ... gostava se sentir o macho alfa. Ah, e também namorava uma de nós.
- Sério? -Troian indagou surpresa- Quem Stew? -ela virou para ele, esperando uma explicação.

Os olhos de Stephen percorreram a mesa chegando aos meus. Consegui manter um bom tempo minha expressão despreocupada, mas se ele visse o quanto que meu coração batia acelerado e sem noção, notaria que eu estava prestes a desabar. 

Aguente firme... só mais um minuto ..

Aguente firme ..só mais um ...

O olhar dele passou por Candice, Rochi, Lali e Nina que sorriam 'inocentemente' para ele e parou em Troian. 

- Stew! Fala amor! Seja o que seja, ou quem seja -nesse momento ela sorriu cumplice pra mim- Não importa mais, é passado. A não ser que ...
- Era Ma..-Ele começou a falar, mas Nina o interrompeu-
- Era nossa melhor amiga, a Marienne .-ela riu- E é engraçado porque ela pensava até em casar. Os dois explodiam felicidade - Stephen ouvia tudo atentamente- Mas não sei o porquê, eles acabaram -ela olhava friamente Stephen- Eu sinto falta dos dois felizes, confesso, mas sem dúvida, ela está melhor sem ele. E vice-e-versa. -ela sorriu-
- Foi ela amor? - Stephen assentiu lentamente com a cabeça- A que você não fala o nome? A que te fez sofrer daquele jeito? -ela olhou a gente - Me desculpem, mas que amiguinha a de vocês hein?
- Não posso dar opiniões, sou suspeita -Rochi argumentou- 
- Idem – responderam Nina, Cande e Lali, que me olhou esperando minha resposta-
- É, eu também -respondi olhando para Troian –eu estava desconfortável com a situação, mas minha curiosidade era maior.
- Ela te fez sofrer Stephen? -perguntei desafiante-
- Vocês não fazem ideia! -respondeu Troian por Stephen- Quando eu o conheci ele estava tipo, sofrendo muito. Eu comentei com você, Maite. Lembra?
- Você falou com Maite disso? Sabe que odeio quando falam da minha vida. –ele disse em um tom irritadiço, Troian percebeu e tentou contornar a situação
- Eu não falei de toda sua vida, amor. Eu só comentei –ele ainda a olhava claramente desconfortável

Cínico. Dissimulado.

- Mas pra quê falarmos do passado se estamos tão bem no presente não é? -cortou Lali, percebendo o clima pesado- Maite, quando sai o casório? 

Meu coração se acelerou ao ouvir essa palavra e percebi o quão rápido Christopher pôs seus olhos nos meus. 

- Por favor Lali! – eu ri nervosa- Não conheço Poncho a tanto tempo para tomar uma decisão desse tipo -eu sorri amarelo- Poncho é um homem e tanto, ele me atende a todas as coisas - Nina riu maliciosa- Ainda é muito cedo para pensar nessas coisas.
- Está certíssima, Mai. Ele é um daqueles para casar, não desperdice! Ai Mai, imagina se ele te pede a mão e você casa junto comigo? -disse Troian, esbanjando alegria- Não seria o máximo?! -ela falava com Stephen que estava rijo como uma pedra- Stew! -ela bateu de leve em seu ombro e ele 'acordou' do transe- 
- Oi Troian! Não precisa bater, caramba. 

Não pude deixar de sorrir, então ele estava abalado com meu 'casório'? Troian sim deveria se preocupar, afinal, quem diz ‘não’ uma vez, diz duas.

- Seria mesmo interessante -eu comentei olhando fixamente a Stephen-

Stephen deu um pigarreio e tomou ar. Candice olhou no relógio e me cutucou.

- Mai, tenho que estar na Symphony daqui 1O minutos para receber o carregamento de cds -ela fez uma careta e virou para a mesa- Rochi, você vem? –ela concordou e se levantou também- Gente, vou indo, mas fiquem e se divirtam. Até mais Troian. Foi um prazer te conhecer –ela se virou para Christopher e fez uma careta engraçada e o cumprimentou- Adorei te reencontrar, Stephen. – Rochi fez o mesmo e ambas se despediram de nós e saíram restaurante a fora.
Antes que eu pudesse respirar novamente, meu celular tocou estridente. Pelo toque deduzi quem era.

-Mai? -a voz de Alfonso era grossa e me encantava-
- Oi Poncho! -eu dei meio sorriso e olhei rapidamente para Stephen-
Tudo bem se eu te levar pra almoçar hoje? Queria conversar com você -seu tom não era dos mais alegres-
- É que já estou almoçando, mas aconteceu alguma coisa? - num ato de nervosismo, mordi meu lábio inferior-
Nada com que deva se preocupar agora -seu tom amenizou e continuou a falar- ei, estava com saudades já -eu ri, espontaneamente-
- Eu também, amor -a ultima palavra saiu meio rouca, pelo tom baixo da minha voz- Faz assim, me encontra em casa por volta das 19:00hrs, você almoça tranquilo agora e então nos falamos
Pra mim é ótimo! Nos vemos mais tarde então
- Manda eu beijo meu pra ele! –Troian sugeriu e sorri dando o recado
- É, estamos almoçando juntas, Stephen também está. –respondi à pergunta de Alfonso sobre Troian.

Fingi não perceber o olhar quente e furtivo em mim.

- Perfeito -eu continuei a sorrir-
É isso, volto a te ligar mais tarde, chegou o ajudante aqui -ouvi uns barulhos de papéis caindo e ele xingando baixo- Mai, vou desligar, nos vemos lá.
- Sem problemas -eu disse rápido, preocupada com ele- Beijos, tchau. -ouvia só o telefone mudo-

Olhei para Stephen, que mantinha os maxilares trincados e tinha o rosto como se estivesse sendo torturado. Evitei ser sarcástica naquele momento, era óbvio que estava com ciúmes. Guardei meu celular na bolsa e nossos pedidos chegaram. O resto do tempo que compartimos foi bem tranquilo. Deixei de provocar Stephen e me distraí com a conversa de Troian sobre o desfile. Lali e Nina estavam animadas e queriam mais e mais detalhes. Ao final do almoço, vi que estava perto da hora de encontrar com Alfonso.  

- Troian, tenho que ir, mais tarde nos falamos. -me levantei- Até mais pessoas
- Espera Mai, vou pegar o bonde contigo -Nina sorriu alegre- Tchau Stephen, adorei te reencontrar, erm ..Troian, certo?
- É -ela sorriu simpática-
- Lindo nome. Até mais.
- Até mais, Troian, Stephen – Lali foi mais direta. Nós saímos murmurando algumas palavras-

Lali, Nina e eu fomos fofocando até a casa dela no carro de Nina. Ela me deixou em casa e seguiu rumo ao apartamento que dividia com Lali. Entrei em casa e no corredor dei de cara com Joshua só de toalha zanzando, não que eu me importasse, porque eu já o tinha visto pelado muitas vezes, quando era um pirralho, mas sabe como é irmã mais velha, implicar com o irmão mais novo é meu trabalho. 

- Joshua, tá achando que se mostrar assim vai conseguir o quê? -eu zombei enquanto passava por ele-
- Olha a Tábua de passar roupa querendo se passar por violão! 
- Não sou ok? Graças a tecnologia eu agora estou turbinada, por que estou falando disso com você mesmo? -eu revirei os olhos- 
- Até os seus 19 aninhos era uma tábua! -ele riu alto- 
- Ah, mas está pedindo pra morrer, né? -eu me aproximei, fingindo estar furiosa- Quer que eu te arranque essa coisa mole e frouxa?
- Mole porque não viu nada ainda irmãzinha 
- Depravado! -eu me virei e ele ficou rindo-


Fechei a porta do meu quarto e me joguei na poltrona que havia chegado fazia poucos dias da minha antiga casa, a comprei por puro consumismo. Ela era gigante e revestida de pele falsa de urso, raríssima. Encomendei por meio de uma exposição. Ela era toda preta. Meu celular tocou e atendi.


- Eu! 
- Mai? Estou quase chegando aí, já está pronta?
- Ah, Poncho?
- É -ele respondeu num tom óbvio-
- Desculpa amor -eu ri, meio afetada- Eu já me visto, eu acabei desmontando no sofá, quando chegar pode subir direto pra cá ok ?
- Certo, até daqui a pouco preguiçinha -ele riu e desligou- 

Eu joguei o celular na poltrona e corri pro closet procurar alguma coisa. Joguei todas as roupas curtas em cima da cama e as calças jeans no chão. Como estava calor das arábias, eu optei por uma blusinha frente única, e prendi meu cabelo num rabo-de-cavalo, pus meu jeans rasgados estrategicamente e sapato de salto pra não ficar tão mal. Passei um blush e apliquei rímel nos cílios. Enquanto pegava meu M.A.C coral pra passar na boca, ouço a porta do meu quarto abrir e Poncho aparecer com seu look social, me senti um lixo vestida com aquele jeans surrado. Ele abriu seu sorriso lindo se aproximando de mim. 

Capítulo 10 - Just Like Valentines Do

Chapter Ten


Eu e Alfonso nos encontramos em frente de casa, tínhamos combinado de dar um passeio. O vi caminhando em minha direção e sorri.

- Oi little thing -ele riu e me deu um selinho rápido.
- Oi big thing -eu ri correspondendo- Não veio de carro? -eu o olhei por cima do ombro-
- Interesseira ou Sedentária? –eu ri da pergunta e balancei a cabeça discordando da suposição.
- Nenhuma das duas, agora eu faço exercícios físicos. Eu só comentei por que sua casa é meio longe daqui.
- Eu sei Mai -ele abriu seu sorriso branco e me abraçou- Eu vim sem carro por que onde vamos é aqui pertinho!
- E aonde vamos? -indaguei-
- Surpresa -eu fechei a cara e ele fez um biquinho- Ora Mai, não se faça . Vai ser super divertido!

Seguimos a pé até um certo ponto. Havia várias árvores que fechavam-se entre si e entre tanto verde, via-se uma pequena trilha. Me virei para Alfonso e o peguei sorrindo. 

- Onde vamos exatamente Poncho? 
- Você me disse que gostava de manter a forma –ele disse, ainda sorrindo- 
- Foi só para impressionar –ele fez uma expressão de espanto e logo após ,riu- 
- Mai, vamos apenas seguir a trilha –ele me pegou pela mão e foi me puxando junto a ele pela estradinha estreita-

Caminhamos por mais um tempo e eu já estava impaciente, já arquitetava planos malignos em como acabar com o Poncho sem deixar vestígios por me fazer andar tanto. Do nada ele parou na minha frente e com seu melhor sorriso, me roubou um beijo rápido. Quando nos afastamos, abri os olhos, eu tive uma ampla visão de onde estávamos. Alfonso se posicionou ao meu lado esquerdo e me abraçou pela cintura. Havia um pique-nique bem a minha frente. Nele havia muitas frutas e sucos, pães, uma diversidade de comidas, infinitas guloseimas. Eu abri um sorriso de alegria. Subi meu olhar para Alfonso e notei que suas bochechas estavam levemente rosadas. 

- Fez tudo isso sozinho? –eu sussurrei para que ele pudesse ouvir-
- Sim, foi um pouco trabalhoso, tive ajuda de Lali e Peter. Perguntei também para ela das comidas que você mais gostava.
- Deixa só o resto das meninas saberem que foram excluídas dessa –eu zombei-
- Elas não precisam saber –ele riu e foi me aproximando do local- 
- Está tudo lindo Poncho, nem sei o que dizer! –eu disse me sentando ao chão-
- É, a Lali faz uma GRANDE diferença, considerando seu tamanho.

Nós rimos e fomos comer. Em meio de brincadeiras nos beijamos e passamos a tarde juntos. Como namorados. Eu e Alfonso cochilamos abraçados um no outro e quando acordei levei um susto por ainda estar lá no meio daquela ‘floresta’. Chacoalhei Alfonso e ele riu do meu desespero.

- Maite relaxa, ainda nem escureceu –ele mexeu em seu cabelo e coçou os olhos- Mas se quiser ir tudo bem –ele se levantou e me ajudou a fazer o mesmo-

Arrumamos tudo e ele foi carregando quase tudo nos braços. Ao se aproximar de minha casa, vi uma movimentação na frente da casa de Stephen. Vários carros luxuosos não paravam de estacionar e pessoas ficavam na entrada, no pequeno jardim perto da rua. 

- Olha Mai, é festa! – Alfonso disse animado-
- É –disse em um tom baixo e desanimador-
- Engraçado, parece que conheço aquele carro de algum lugar -ele apertou os olhos, como se quisesse ver melhor –
- Melhor entrarmos –eu o puxei para dentro de casa, evitando que ele se lembrasse de onde tinha visto o carro de Stephen-
- Por quê a pressa? Você não se dá bem com ele? – ele indagou enquanto caminhava até a porta da frente de casa.
- É complicado – disse rápido, finalmente pude coloca-lo dentro de casa-
- Não estou te enten...
- Maite? –ouvi uma voz conhecida me chamar, Poncho, por sorte tinha entrado com a cesta rumo à cozinha e eu fiquei ali sozinha com ela- Tudo bem?
- Tudo ótimo, Troian –eu forcei um sorriso e continuei- É festa? –apontei para a casa da frente-
- É sim. Lembra que disse ontem que ele cedo ou tarde iria oficializar nossa relação? –eu assenti e senti que meu coração ficava apertado- Então, ele me pediu oficialmente em casamento agora pouco, foi tudo tão rápido, foi uma festa-surpresa, eu não sabia de nada -ela sorria feito boba- Quer vir? Seria tão incrível se o conhecesse!
- Sabe o que é, é que agora eu... –fui interrompida pela voz de Poncho e estremeci
- Troian? –seu tom era de surpresa e fechei os olhos por conta do nervosismo-
- Herrera? Poncho? –ela deu um gritinho e pulou no pescoço dele, dando um beijo rápido- Que surpresa te ver aqui! Vai me dizer que também estava nesse plano com Stephen?
- Mais ou menos, eu sabia de tudo sim –ela deu lhe lançou um olhar repreensivo- mas meu celular estava desligado e não sabia ao certo que horas seria...
- Bem, eu não poderia te avisar – eles riram-
- São vocês aqui na casa da frente? –ela assentiu afirmando- Nossa, mas que coincidência! Mai não me disse que morava de frente com Stephen Amell –eles finalmente me olharam e fiquei nervosa e senti minhas bochechas queimarem. Olhei para Poncho e eu não sabia o que fazer. Poncho me retribuiu o olhar confuso e Troian apenas sorria.
- É que não sabia que era ele, pensei que a família dele já tinha se mudado há tempos. –minha voz saiu meio trêmula no começo, mas acho que consegui passar um pouco de firmeza.
- Mai, você não me disse que conhecia Troian –fiquei profundamente grata quando Troian respondeu por mim-
- Nós nos conhecemos há pouco, Ponchito. Acho que nem deu tempo dela falar que vamos organizar um mega evento de moda aqui em Bluebell.
- Isso é fantástico! Parabéns às duas! Aposto que Shay deve estar metida nisso também! –disse ele empolgado-
- E como não estaria? Sabe que sua irmã é louca por moda!
- Irmã? – foi tudo o que consegui dizer
- Ah, sim. Não te falei que minha irmã se chamava Shay, desculpe por isso.
- Nem que trabalhava comigo! – Troian exclamou em um tom falsamente ofendido


O que eu devo ter feito ao mundo para merecer isso tudo? Eu fui envolvida nessa trama apertada e não sei como sair dela sem prejudicar ninguém. Cada vez está ficando mais difícil esconder minha história com Stephen. Ele certamente também não se abriu totalmente com Troian, do contrario, ela já teria me reconhecido. Não posso continuar desse jeito, eu sinto que vou morrer sufocada com tantas historias mal resolvidas, tantos segredos.


- Vocês vão vir não é? Nem tem como usar a desculpa de distancia ou de não saber o endereço. –Troian mudou de assunto e eu estava muito nervosa para rir, mas Poncho e Troian se divertiram com o comentário. O celular dela tocou algumas vezes enquanto conversávamos e dessa ultima vez ela recusou novamente a chamada- Eu preciso voltar à festa, já estão me deixando louca com essas ligações. Eu espero vocês, vou achar desfeita se não aparecerem! –ela veio até mim e me deu um abraço rápido e um beijo no rosto- Maite, por favor, seria muito importante a sua presença.- ela olhou nos meus olhos ao dizer isso- E, Poncho, se não aparecer vou ficar muito chateada e não falarei mais com você! –Poncho riu e a abraçou também-
- Eu vou sim, só preciso passar em casa e trocar de roupa. Não ficaria muito bem eu aparecer na casa do Stephen de regata -Troian se afastou e pude respirar fundo. Poncho me olhou curioso, como se não pudesse entender meu nervosismo.
- O que foi Maite? Parece que viu um fantasma! –ele me abraçou de lado, entrando para minha casa. Antes fosse.
- Não é nada, é que estou muito cansada para festas hoje. Você pode ir sozinho, não vou me importar, de verdade –paramos na sala de estar e nos olhamos. Era tão difícil enganar aqueles olhos amadeirados.
- Não vou se você não for. –ele disse sério
- Mas Troian disse que iria ficar muito chateada se não fosse. Vocês parecem ter um boa relação e eu não quero estragar isso. – suspirei sincera
- Ela vai entender, quer que eu fique aqui com você mais um tempo? –ele acariciava meu rosto e isso me fazia esquecer de tudo.
- Não – respirei fundo e o olhei- Vamos fazer isso. Vamos à festa.
  

Eu não sabia muito bem o que estava fazendo, mas quando me vi, estava frente a Alfonso, com outra roupa, maquiada e ele estava com seu sorriso branco e simpático de sempre. Ele havia ido até sua casa e veio me buscar cerca de 1 hora depois. Seus olhos percorreram meu corpo e me senti como quando tinha 15 anos na minha festa de debutante. 



- Você está ... bom, nem vou falar porque deve saber mais que eu -nós rimos- Vem cá -ele me puxou para seus braços fortes- Está querendo mesmo ir? -seu hálito fresco passou de seus lábios aos meus em segundos- A gente pode ficar por aqui mesmo, eu ligo para Stephen e Troian explicando tudo e tenho certeza de que vão entender.
- Eu estou bem -eu sorri, incerta de minhas palavras-

Ele arqueou as sobrancelhas daquele jeito sexy-sem-motivo e passou sua mão no meu rosto. Eu sorri e fui nos levando para a porta. Atravessamos a rua e logo nos encontramos com Troian e Shay que estavam conversando com algumas outras mulheres. 

- Maite, Poncho, estou tão feliz que vocês vieram, nem posso acreditar! Maite, você está linda! Poncho... dispenso comentários. Impecável.
- Não poderia estar menos né, tendo uma estilista como acompanhante, é praticamente impossível. – ele me olhou sorrindo e me derreti um pouco, esquecendo a tensão do momento.
- Obrigada pelo elogio Troian você também não fica atrás. Eu estou feliz por vir para te prestigiar- eu disse tentando ao máximo manter a aparência de tranquilidade- Shay, você está espetacular! Adorei seu sapato, onde o comprou?
- New York, foi um achado! Adoro esse salto –ela se virou para o irmão com a expressão zangada-  Poncho não acredito que você conhece a Maite! Como e quando isso aconteceu? – quis saber Shay, que a este momento estava ao lado de Alfonso-
- Você acha mesmo que vou te contar, pirralha? –eles riram e se abraçaram de lado-
- Eu nem pude associar vocês dois porque nem usam o mesmo sobrenome –Shay sorriu e respondeu-
- Ah é porque eu uso o sobrenome de solteira da minha mãe, Herrera já tem muitos pelo mundo, mas Mitchell são raros! –eu assenti entendendo. Logo Troian começou a falar.
- Vamos entrando, tem várias pessoas que quero que conheça, uns estilistas que Stephen convidou estão aí também. -ela abriu um sorriso sincero e me puxou pelo braço-


Eu desentrelacei meus dedos dos de Poncho conforme Troian ia me afastando dele. Ele deu um sorriso torto e apontou para a bebida na bandeja do garçom. Eu sorri amarelo e voltei minha atenção ao que Troian e Shay falavam, era algo sobre Paris e as mulheres.
Fomos sumindo naquele verdadeiro mar de gente. Alguns homens passavam por mim roçando-se pelo meu corpo e me senti incomodada, mas logo Troian atravessou o hall e paramos em frente a um grupo de pessoas, bem vestidas, elas se deliciavam polidamente de seu flûte de champagne. 


- Anne, Claire, Paolo e Carlisle, esta é Maite Perroni Beorlegui, a que vai me ajudar no Bluefashionbell Week -sua mão pequenina estava presa a minha e suava-
- Olá srta. Beorlegui, muito prazer -iniciou Claire-
- Oh, por favor apenas Mai, me sinto melhor -eu sorri-
- Certo, Mai .-foi a vez de Carlisle abrir seu sorriso britânico- Sou Carlisle, também sou estilista .. -ele pegou minha mão livre e apertou- Prazer -eu sorri -
- Prazer, já ouvi falar de seus trabalhos, é de Londres?
- Deu pra notar?
- Sotaque inconfundível -bati meus cílios algumas vezes- 
- Maite -eu me virei para a mulher dos cabelos cor-de-mel levemente ondulados- Prazer, Claire -ela sorriu animada- Quer dizer então que vai nos agraciar com sua presença no Fashion Week aqui em Bluebell?
- Não só presenciar, eu vou participar Claire . Vou apresentar cinco dos meus modelos na passarela -ela se surpreendeu e abriu um enorme sorriso- 
- Que maravilha! -ela bateu palminhas de felicidade-
- Se divertindo, amor? 

Aquela voz foi capaz de congelar minha expressão. Minha respiração acelerou em questão de segundos. As batidas do meu coração eram tão fortes que meu sangue bombeado estava latejando na minha cabeça. 

- Sim amor- a voz animada de Troian me fez acordar do transe- Olhe quem veio pra cá, a Maite de quem lhe falei. Você acredita que ela mora na casa da frente? Não é muita coincidência? -ela virou-se para mim, Stephen estava bem atrás de mim- Maite, quero que conheça oficialmente a Stephen. Stephen Amell, meu noivo. - eu me virei para olhá-lo nos olhos -

Nos olhamos fixamente durante alguns segundos, as luzes coloridas do Hall refletiam sobre sua pele e seu cabelo. Seu olhos claros, me enfeitiçavam de um jeito que eu não podia deixar de olhar. Pude notar sua respiração um pouco fora do comum, mas logo voltei para o seu olhar. 

- As vezes esqueço que vocês se conhecem. –ela riu e entrelaçou seu braço com o dele, meu coração batia descompassado e precisava tomar ar.

Notei que os estrangeiros haviam se retirado, junto com Shay, e só restavam nós três. Troian nos olhava intrigada.

música de fundo - When I Was Your Man - Boyce Avenue feat. Fifth Harmony

- Mas que grande reencontro! Vizinhos que não se veem há anos. Que emocionante! –ela se distraiu um instante, falando com o garçom e voltou a nos olhar.
- É, muito emocionante - Stephen concordou- mas somos apenas vizinhos ..nos conhecemos desde... sempre praticamente, moramos aqui por toda a vida ...Não é, Maite? - Eu bati os cílios algumas vezes, ainda desnorteada com o bate-papo. 
- Cl-claro -eu balancei a cabeça afirmando - É isso ..apenas vizinhos -eu dei de ombros, corri meus olhos para as pessoas da festa-
- Maite me disse que pensou que tivesse mudado. A encontrei há algumas horas na frente da casa dela. Quase caí para trás quando a vi. Nunca poderia imaginar que encontraria Maite Perroni na frente da casa do meu namorado.
- Noivo – Corrigi, sem deixar de olhar os olhos profundos de Stephen-
- Claro, noivo. –ela sorriu- Eu ainda vou levar um tempo para me acostumar com esse novo título. –Ela se distraiu outra vez com outro garçom e virou para nós com uma expressão irritada- Eu preciso ir nos bastidores um instante, pelo jeito alguém derrubou uma caixa de campanhe no chão. Eu já volto. –eu mal podia ouvir o que ela ia dizia, eu não conseguia desviar o olhar do dele. Quando notei que ela já estava longe, vi que ele franziu o cenho.
- Te vi chegar com Poncho, estão juntos? –eu pisquei algumas vezes processando o momento e então respirei fundo.
- Sim, estamos –o vi franzir ainda mais o cenho e também fechar a boca, num gesto que eu conhecia- Olha, eu não pretendia vir, mas ele disse que não viria se eu também não viesse.
- E você como uma boa namorada, obedeceu o namoradinho. –senti meu rosto queimar de raiva pela provocação, mas me controlei para não dizer besteira.
- Não que eu te deva satisfações, mas Alfonso e eu não namoramos, ainda –disse dando ênfase na ultima palavra- E se estivéssemos, não haveria problema algum, ou sim? –perguntei levantando o queixo, com firmeza.
- Você não seria capaz de fazer algo assim, não comigo. –eu franzi o cenho, confusa- Ele é meu amigo e sócio. Você teria coragem de entrar no meio de uma relação assim tão forte por capricho?
- Do que merda você está falando, Stephen? –indaguei entre dentes, já irritada.
- Estou falando dessa sua tentativa de me atingir, de me fazer arruinar depois de todos esses anos. –eu suavizei minha expressão, entendendo o que ele queria dizer.
- Você está dizendo que eu quero me vingar de você? –ele assentiu, óbvio. Eu ri sem humor- Ah faça-me o favor! Eu tenho mais o que fazer! –comecei a me virar para lhe dar as costas, mas ele me pegou pelo braço, me fazendo virar de frente para ele.
- Não dê as costas para mim enquanto eu estiver falando, sabe que odeio isso. –eu suspirei irritada, revirando os olhos- E odeio mais quando faz isso –ele completou, se referindo ao meu ultimo ato- Maite, me diz, por que você voltou? –eu senti que seu aperto afrouxou e eu o olhei.
- Não te interessa o motivo pelo qual voltei, pois não tem absolutamente nada a ver com você. Ao contrário do que você possa pensar, eu tenho uma vida e gosto muito de cuidar dela. Eu não preciso da sua vida para me atrapalhar. –eu peguei um pouco de ar e continuei- Eu não sabia que você era sócio, muito menos amigo de Alfonso, mas ele está me fazendo bem e não vejo porquê eu deveria te meter nessa história. –vi ele fechar os olhos e se conter outra vez. Eu continuei a falar, sem lhe dar importância- Sobre Troian, foi tudo uma terrível coincidência e confesso que fiquei surpresa tanto quanto você ao ver que estamos presos nessa armadilha do destino, mas não penso em desistir de tudo só para satisfazer seu ego. A Maite ingênua ficou para trás. –ele abriu a boca para falar, mas fui mais rápida- Agora se me der licença, solte meu braço e volte para sua noiva antes que alguém nos veja assim tão íntimos e comecem a questionar nossa relação de vizinhança. –neste momento ele me soltou e me afastei dele, mas não desgrudei do seu olhar indescifrável- E eu também agradeceria se não falasse nada sobre nós para Troian e Alfonso –ele curvou os lábios em um meio sorriso.
- Por que? Tem medo que ele te deixe?
- Não, idiota. Mas imagina como sua querida noiva ficaria abalada se soubesse que a ex de seu noivo reapareceu, imagina o escândalo para sua empresa... –sua expressão se fechou, assim como seus punhos, que estavam estancados ao lado de seu corpo.
- Troian não pode saber que é você, ela te odeia. –eu ri sarcástica.
- Então eu vejo que não teremos problemas quanto a isso. –ele assentiu lentamente e eu dei mais um passo para trás. Vi que Troian voltava e me forcei em um sorriso.
- Stew, meu amor! Ainda estão conversando? –ela disse se aproximando de Stephen, passando seu braço envolta do braço dele. Stephen mantinha a expressão séria.
- Sim, apenas colocando alguns assuntos em dia –eu olhei brevemente de Troian para Stephen e continuei- Mas agora preciso procurar meu acompanhante, me deem licença, por favor -eu dei um sorriso rápido e olhei para a expressão visivelmente confusa de Stephen. Me retirei antes que pudesse fazer ou dizer algo.


Eu, ainda abalada, saí dali o mais rápido possível. Encontrei Alfonso, não muito longe dali, ele estava no mesmo lugar onde o deixei. Me apertou o coração ao saber que talvez eu nunca possa amá-lo como deveria. Eu respirei fundo e continuei minha caminhada até ele. Ele discutia algo com o barman e quando me viu, abriu aquele sorriso que me tirava o chão e me abraçou. 


- Demorei? -eu ousei a questionar-
- O suficiente para eu sentir sua falta -eu sorri e me afastei do abraço- Troian lhe apresentou bastante gente importante?
- Alguns estrangeiros que pelo o que Troian me disse, vão ajudar a bancar financeiramente e patrocinar a coleção dela. 
- Interessante - fiz uma careta e ele riu- E Shay te encheu muito o saco?
- Não fale assim dela. Ela é uma garota adorável e muito prestativa. É um amor de pessoa. –ele sorriu revirando os olhos.
- Está com fome? –ele brincava com uma mecha do meu cabelo
- Um pouco -eu suspirei desanimada- 
- O que foi? -ele me olhou profundamente- 
- Nada, só estou um pouco cansada. – uma música animada começou a tocar e ele me olhou com um sorriso travesso
- Está a fim de uma dança comigo? –eu não poderia recusar algo daquele cara, nunca. Eu sorri concordando, ele deu um ultimo gole na sua bebida colorida e me pegou pela mão, me guiando até onde as pessoas estavam dançando no deque no jardim.


Dançamos algumas músicas e ali com ele eu me esqueci de onde estava. Eu só conseguia pensar em como ele seria se tivesse conhecido em outros tempos. Talvez em outra vida. Ele sorria para mim com aquele ar despreocupado, com a energia que eu precisava para continuar ali naquele lugar. Uma musica lenta começou e ele me puxou para perto dele e passou seus braços pela minha cintura. Dançamos nos olhando nos olhos e sorrindo. Era tudo tão fácil com ele. Ele me fazia sorrir fácil e como boba, confesso. Ele era bom demais para mim. Tive certeza que ele nunca me faria sofrer de proposito como Amell fez. Stephen. Esse nome me assombrava e eu já não sabia mais o que fazer para tirá-lo da minha cabeça. Agora seria ainda mais difícil, eu trabalhando com sua noiva e morando perto da casa que um dia eles vão morar juntos. Era demais para mim. De repente, comecei a sentir o ar ficar mais difícil de aspirar, a musica acabou e nos separamos lentamente.


♣♣♣


- Mas já Mai? -Troian se lamentava enquanto eu criava mais argumentos para ir embora de uma vez por todas- 
- Sim Troian, mas tenho certeza de que nos veremos logo. Moro na casa em frente lembra? -eu tentei repuxar meus lábios em um sorriso-
- Está certo -ela soltou minhas mãos já suadas pelas tuas e abriu um sorriso contente- Nos vemos depois então -ela se curvou um pouco por eu ser mais baixa que ela e me deu um beijo na maçã do rosto- Até mais Poncho, prometo cuidar da sua irmã até o fim da festa. Eu a deixo em casa bonitinha –todos riram-
- Quem vê pensa que tenho 15 anos, e não 23! – ela disse em um tom indignado – Ponchito, não esquece de mim não, ok? Vê se aparece em casa. –eles se abraçaram e nos despedimos
- Vou fazer o meu melhor.
- Vão embora sem se despedir de mim? –a voz animada de Stephen arruinou meu momento pequeno de felicidade e concluí que tinha que aguentar por mais um tempo.
- Claro que não, Amell! – Alfonso e ele se cumprimentaram e Stephen veio ao meu encontro e deu um beijo rápido no meu rosto, sua barba por fazer me arranhou, me fazendo arrepiar pelo contato.

Nos olhamos fixamente por alguns instantes e  senti que Alfonso me abraçou pela cintura. Enquanto atravessávamos a sala e cruzávamos a porta de saída, me senti vitoriosa por não ter desmontado na frente de todos. Ele me deixou em casa e se foi. Após um demorado banho eu me deitei e busquei meu sono com os olhos fechados.
Consegui dormir depois de algum instante. Acordei com meu celular despertando com seu toque agudo abafado. Ele estava em algum lugar do meu quarto. Levantei, ainda cambaleante procurei meu celular, senti algo vibrar abaixo de meus pés. Abaixei minha cabeça e todo meu corpo e peguei o objeto abafado por minhas peças de roupas. Eram 10:45, droga. Dormi demais. Esfreguei os olhos e fui em passos lentos ao banheiro. Ao descer as escadas encontrei minha mãe e Joshua falando algo sobre viagem. 

- Oi? -eu disse, entrando na sala-
- Boa tarde bela adormecida! Caramba, depois que o teu namorado te deixou na cama, pensei que mamãe ia tirá-lo a ponta-pés.-ele riu-
- Que engraçadinho- eu semi cerrei os olhos, sem um pingo de humor- o Poncho nem ficou tempo para nada.
- Ok, Mai ,eu sei -mamãe interceptou a conversa-
- Joshua é um idiota mesmo, -eu me sentei na cadeira ao lado de mamãe- Não sei por que perco tempo com ele- eu tirei uma mordida da torrada amanteigada- 
- Maninha, já pensei que tivesse aceitado todo esse lance de irmão mais novo
- Meninos, por favor -mamãe nos interrompeu- Por Deus, vocês são irmãos e ainda por cima, adultos. Se portem como tal. 
- Entendi mãe- Joshua falou pegando uma fruta vermelha- Vou indo ok? Te vejo na hora do almoço dona Beorlegui – Joshua se levantou rápido e bateu a porta- 
- Onde ele foi?- perguntei a mamãe, mas ela deu de ombros- Mãe! Precisa saber o que seu querido filhinho anda fazendo hein? Homens não são muito confiáveis, imagina o Josh então! Não acha estranho ele nunca ter trazido as namoradas aqui? –depois de um tempo em silencio, concluí- Vai ver ele tem um filho perdido por aí -eu gargalhei sozinha- Ai essa família é mesmo louca -eu ria sozinha- Mamãe?-eu indaguei entre risos- Ah, qual é -ela permanecia concentrada e me olhou- Vai me dizer que ficou chocada?
- Não relevei nenhum ponto sequer. 
- Eu sei . -eu disse sorrindo- Mamãe, preciso ir -eu me levantei ainda comendo- Tenho um encontro com as meninas hoje.

Me troquei e saí por volta de 11:45. Sempre nos encontramos na Symphony Soldier. A primeira a me ver foi Lali, ela havia mudado de visual, tinha os cabelos, antes na cintura, agora na altura dos ombros. Rochi  e Candice, donas da loja de música, estavam conversando animadas sobre algo com Lali, que parecia estar igualmente animada. 
Não demorou muito e Nina chegava sem fôlego após correr as poucas quadras que separavam seu apartamento da loja das meninas. 

- Meninas, desculpem pelo atraso -ela sorriu ofegante- Nossa, vocês não sabem o que aconteceu! – eu e o resto das meninas nos olhamos e sorrimos. Seria uma longa historia.